Espaço
Espaço: o que aprendemos (e conquistámos) em 2020?
À medida que a Terra demonstra crescentes sinais de fadiga relativamente à presença humana, milhões de cientistas e investigadores mantêm os olhos fixos no cosmos em busca de mais conhecimento e, em muitos casos, de um novo hospedeiro para a espécie humana. O atípico ano de 2020, marcado pelo surgimento da pandemia de covid-19, foi palco de inúmeros avanços na área da “conquista espacial”. A Reuters partilha agora com o mundo as melhores fotografias do espaço deste ano e o P3 relembra o que aprendemos e conquistámos no espaço ao longo de 2020.
Em Janeiro, a NASA anunciava a descoberta de um planeta do tamanho da Terra, a “apenas” 100 anos-luz de distância, localizado numa zona identificada como habitável. No mesmo mês, a Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos partilhava com o mundo imagens inéditas (e impressionantes) da superfície do Sol, coberta por plasma. “Estas são as imagens com maior resolução da superfície solar já captadas”, afirmou Thomas Rimmele, responsável pelo projecto. Vale a pena rever.
No segundo mês de 2020, a sonda Orbiter parte, dos Estados Unidos, numa viagem de 10 anos também em direcção ao Sol, com o objectivo de contemplar as suas regiões polares e trazer luz sobre o fenómeno dos ventos solares, que afectam satélites e electrónica na Terra. Também em Fevereiro foram descobertos sinais de rádio oriundos de uma galáxia muito, muito distante, que se repetem a cada 16 dias. Intrigados relativamente à sua origem? É literalmente extraterrestre. Na Terra, morria com 101 anos a matemática da NASA Katherine Johnson, mulher negra que desempenhou papel chave no desenvolvimento do programa Apolo, que levou a humanidade até à Lua. O seu génio matemático teve um reconhecimento tardio devido à segregação racial e de género, praticada pela agência na década de 60.
Em Março, aquando do surgimento da pandemia e da implementação de medidas de confinamento, o planeta mudou de aparência. Imagens recolhidas no espaço revelaram o impacto visual da diminuição da poluição atmosférica.
Em Abril deste annus horribilis, o ditado “águas mil” quase foi substituído por “pedras mil” devido à passagem de um asteróide de dois quilómetros a uma “curta” distância da Terra. À cautela, a NASA alterou a classificação do 1998 OR2 para “asteróide potencialmente perigoso”, justificando bastar uma ligeira mudança de trajectória para este se tornar uma ameaça para a vida na Terra.
Em Maio, um grupo internacional de investigadores confirmava a existência do exoplaneta Próxima b, que orbita em torno da estrela mais próxima do nosso sistema solar, a Próxima do Centauro. A descoberta foi feita a partir da recolha de dados de um mega-telescópio concebido para procurar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida. Ainda em Maio, a empresa privada SpaceX lançou um foguetão com dois astronautas da NASA a bordo - um marco importante no cumprimento da missão de “comercializar o espaço”.
Durante o mês que marca a chegada do Verão, a NASA divulgou um vídeo em timelapse que reúne dez anos de imagens do Sol. Vale a pena revê-lo. O cometa Neowise riscou o céu de Julho, deixando todos de olhos fixos nas estrelas. Em Agosto, a cápsula da SpaceX retorna ao planeta azul.
Is there life on Mars? Ninguém pode afirmar ainda, com absoluta certeza, que não existe. Mas em Vénus foi detectada, em Setembro, a presença de fosfina, um gás que na Terra é produzido industrialmente ou por micróbios. Is there life on Venus?
Setembro ficou marcado pela sonda que tocou no asteróide Benu e conseguiu, com sucesso, retirar amostras da sua superfície durante a manobra designada “toca-e-foge”. As amostras do asteróide primitivo podem dar pistas sobre a química que deu origem ao Sol e aos planetas do nosso sistema solar há mais de 4500 milhões de anos.
Água na Lua? Em Outubro, a NASA confirmou a presença — inesperada — de água na superfície iluminada da Lua. A quantidade é, porém, 100 vezes inferior à que existe no deserto do Sara. A descoberta terá implicações em futuras missões.
No dia 2 de Novembro do ano 2000, chegaram à Estação Espacial Internacional os primeiros três ocupantes dos mais de 240 que por lá viriam a passar. Há 20 anos que, a 28 mil quilómetros por hora, os ocupantes da EEI flutuam entre divisões com janelas com vista para a Terra. O tempo voa… ou orbita?