Banda-desenhada
Diana mudou-se para a Bélgica e desenha “o que há de diferente” no país
“Like a Belgian” é o nome do projecto ilustrado de Diana Araújo, que está há apenas nove meses a morar em Gent, na Bélgica.
Diana Araújo é arquitecta, portuguesa e sempre se interessou por ilustração. Depois de dois anos a trabalhar em Portugal, em Fevereiro de 2020 decidiu emigrar para Gent, na Bélgica, onde já tinha feito Erasmus. Entre amigos e colegas, sempre se deu conta de que havia “coisas engraçadas ou estranhas” na cultura belga, que não encontrava noutras culturas, como os filmes no cinema terem as legendas em duas línguas. Em Setembro, fez uma lista com “o que há de diferente” no país e apercebeu-se de que já tinha 50 tópicos para desenhar. Depois, criou o Like a Belgian, onde publica ilustrações para ver a reacção dos expatriados — e até dos próprios belgas.
“Em Erasmus via as diferenças mais negativas, porque sentia saudades de Portugal, e agora estou a tentar ver as diferenças culturais de uma forma mais positiva. Acho que todas as ilustrações me ajudam a lembrar o que estou a gostar sobre estar longe de casa”, conta, ao P3. Depois de perceber “que seria muito difícil evoluir na carreira” como arquitecta em Portugal, Diana decidiu mudar-se para a Bélgica e conseguiu emprego num escritório de arquitectura. “Os meus chefes descobriram a minha página e disseram que se riam em casa, até porque alguns dos desenhos estão relacionados com o escritório.”
Para ilustrar, Diana inspira-se nos chefes, nos amigos e noutras pessoas que a rodeiam, tentando sempre perceber se aquilo em que repara faz parte da cultura belga e não de algo particular. “Tenho dito aos meus colegas belgas que isto é também uma forma de lhes fazer apreciar o país deles. Desde que cheguei, todas as semanas perguntam-me a razão pela qual saí de Portugal para vir para a Bélgica”, diz, acrescentando que muitos belgas têm o sonho de viver em Portugal ou Espanha.
“Os belgas começaram a reparar nas características da cultura deles e muitos portugueses disseram-me que já tinham reparado nestas coisas, mas que nunca tinham falado com outras pessoas.” A ilustradora acompanha o desenho sempre com um texto, porque gosta de explicar “para não haver más interpretações”.
Por estar num país onde há “toda esta cultura do cartoon e da banda desenhada”, está a pensar fazer uma “espécie de edição” de um livro quando chegar aos mil cartoons.
Texto editado por Ana Maria Henriques