Joe Biden confirma vitória na Georgia após recontagem dos votos

Donald Trump conseguiu mais 1872 votos, uma diferença explicada por erro humano e insuficiente para alterar resultado. Mitt Romney denuncia “acção antidemocrática” de Trump ao pressionar autoridades locais e estaduais para não certificarem resultados.

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Joe Biden denunciou a “irresponsabilidade total” de Donald Trump Reuters/TOM BRENNER

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, foi confirmado como vencedor no estado da Georgia, após uma recontagem manual de mais de cinco milhões de votos. Biden garante os 16 grandes eleitores daquele estado, mantendo a vantagem de 306 grandes eleitores contra os 232 de Donald Trump, sendo necessários 270 para garantir a eleição.

A vitória de Joe Biden na Georgia foi anunciada pelos principais media norte-americanos na passada sexta-feira, mas, tendo em conta a curta diferença entre os dois candidatos (cerca de 14 mil votos), o secretário de Estado da Georgia, Brad Raffensperger, anunciou uma recontagem.

Seis dias depois, confirma-se a vitória de Biden, embora a vantagem tenha diminuído um pouco – foram atribuídos mais 1872 votos a Trump, sendo agora a diferença entre os dois candidatos de 12.284 votos.

Trump foi declarado vencedor nos condados de Floyd, Fayette e Walton, enquanto Biden venceu em Douglas. Nos restantes 159 condados do estado, sublinha o The New York Times, as alterações foram mínimas, com a actualização dos votos, em muitos casos, a variar em apenas um dígito.

Brad Raffensperger, do Partido Republicano, explicou que a curta diferença deve-se a um erro humano e não a qualquer indício de fraude, como alegou, sem apresentar provas, a campanha de Donald Trump. Durante o processo de recontagem, Raffensperger disse ter recebido ameaças de morte e sido pressionado a anular boletins de voto legais.

“O processo de recontagem veio simplesmente reafirmar aquilo que já sabíamos: os eleitores da Georgia escolheram Joe Biden como o seu próximo Presidente”, disse Jaclyn Rothenberg, porta-voz da campanha do Partido Democrata, num comunicado enviado à Associated Press.

O estado da Georgia tem até ao final desta sexta-feira para certificar e submeter os resultados dos vários condados. Assim que o fizer, Donald Trump terá dois dias úteis para pedir uma recontagem dos votos, caso se mantenha a uma diferença igual ou inferir a 0,5% – Joe Biden tem mais 0,2% do que Trump.

Além do valor simbólico da Georgia – Joe Biden foi o primeiro democrata a vencer desde Bill Clinton em 1996 –, este estado assume um papel decisivo para o desfecho do resultado no Senado, uma vez que no próximo dia 5 de Janeiro há duas votações decisivas para que os republicanos consigam manter a sua maioria na câmara alta do Congresso.

Críticas republicanas 

Com uma diferença de votos superior a seis milhões a nível nacional, Donald Trump continua sem reconhecer a derrota e a bloquear a transição de poder para o Presidente eleito.

Acumulando várias derrotas nos tribunais, e com poucas possibilidades de sair vencedor nos processos em curso, Trump parece querer mudar um pouco a estratégia, tentando adiar ao máximo a certificação dos resultados e forçando para o que o mesmo seja empurrado para os congressos de maioria republicana.

Um dos casos é o do Michigan, que Joe Biden venceu com uma vantagem superior a 156 mil votos, tendo Donald Trump convidado os representantes daquele estado para irem à Casa Branca esta sexta-feira, uma acção que está a ser encarada como forma de pressionar as autoridades locais a não certificarem a vitória de Joe Biden.

O senador republicano do Utah, Mitt Romney, acusou Donald Trump de avançar com acções antidemocráticas depois de não ter conseguido apresentar casos sustentados nos tribunais.

“Depois de falhar na apresentação de casos plausíveis de fraude ou conspiração generalizado perante qualquer tribunal, o Presidente recorreu agora à pressão sobre as autoridades locais e estaduais para subverter a vontade do povo e anular a eleição. É difícil imaginar uma acção mais antidemocrática por parte de um Presidente americano em funções”, escreveu Romney no Twitter.

No mesmo sentido, o senador republicano do Nebraska, Ben Sasse, emitiu um comunicado a criticar o Presidente Donald Trump e o seu advogado Rudolph Giuliani pelas suas declarações em público, em que continuam a alegar a existência de fraude, teses que não têm conseguido comprovar em tribunal.

“Baseado no que li dos seus processos, quando compareceram perante os tribunais sob juramento, os advogados da campanha de Donald Trump recusaram-se repetidamente a alegar a existência de fraude, porque existem consequências legais por mentir aos juízes”, disse Sasse, acrescentando que a equipa de Trump “perdeu ou retirou as cinco acções judiciais no Michigan por ser incapaz de apresentar qualquer prova”.

"Irresponsabilidade total"

Depois de uma reunião virtual com vários governadores estaduais, Joe Biden denunciou a “irresponsabilidade total” de Donald Trump ao tentar reverter os resultados.

“Envia uma mensagem horrível sobre aquilo que somos enquanto país”, afirmou Biden, em declarações aos jornalistas em Wilmington, no Delaware, reiterando que Donald Trump será recordado como “um dos presidentes mais irresponsáveis da história da América”.

“É difícil entender como este homem pensa. É ultrajante aquilo que ele está a fazer”, acrescentou.

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