Número de espectadores nas salas portuguesas de cinema cai 82% em Outubro face a 2019

Seguindo a tendência dos últimos meses, o público que acorreu às salas de cinema portuguesas para ver filmes caiu acentuadamente.

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LUSA/DIVYAKANT SOLANKI

O número de espectadores nas salas portuguesas de cinema caiu 82,1% em Outubro, face ao mesmo mês de 2019, com uma descida idêntica ao nível das receitas, revelou hoje o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA).

Enquanto em Outubro do ano passado tinham sido registados 1,39 milhões de espectadores, este ano verificaram-se 249 mil entradas nas salas de cinema, contrariando a relativa melhoria dos números de Setembro, o que representa uma quebra acumulada de 72,7% nos números de espectadores em 2020 face ao ano anterior, ou seja, menos 9,3 milhões do que em 2019.

Em termos de perdas de receitas, a percentagem é semelhante: os valores totais deste ano são uma redução de 72,3% face aos de 2019, totalizando 19,1 milhões de euros em 10 meses, quando no ano passado as exibidoras já tinham registado receitas de 68,9 milhões.

Os filmes mais vistos em Outubro foram Greenland – O Último Refúgio, de Ric Roman Waugh, seguido de Liga dos Animais Fantásticos, de Reinhard Klooss, Tenet, de Christopher Nolan, cuja estreia foi sucessivamente adiada e, em Setembro, ajudou os números das salas a aumentar, Listen, de Ana Rocha de Sousa, e Mãe Fora, Dia Santo em Casa, de Ludovic Bernard.

Listen, de Ana Rocha de Sousa, saltou para a segunda posição dos filmes portugueses mais vistos do ano em 19 dias de exibição, com 22.330 espectadores, apenas atrás de O Filme do Bruno Aleixo, de Pedro Santo e João Moreira, estreado em Janeiro, que contabilizou 24.010 entradas.

A quebra nos cinemas faz-se sentir também no número de filmes apresentados ao público: em 2020 estrearam-se 210 obras, menos 119 do que em 2019.

Na semana passada, a Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) alertou para o risco de encerramento de mais de metade das salas de cinema até ao final do ano, isto se não houver mecanismos de apoio face à pandemia da covid-19.

“Estamos a atravessar um período negro, de que ninguém tem culpa, e temos de encontrar soluções, todos, que nos permitam ultrapassar isto, sob pena de fechar”, disse então à Agência Lusa o diretor-geral da FEVIP, António Paulo Santos.

Nas últimas semanas, os dois maiores exibidores nacionais (Nos e UCI) lançaram iniciativas que permitem ao público alugar uma sala para pequenos grupos de amigos ou familiares.

Segundo resolução do Conselho de Ministros, que entrou em vigor na passada quarta-feira, os equipamentos culturais - incluindo as salas de cinema – situados nos 121 concelhos de Portugal continental sujeitos ao confinamento parcial passaram a encerrar às 22h30, tendo sido ainda anunciado um recolher obrigatório para esses concelhos entre as 23h e as 05h.

Nos próximos dois fins de semana, nesses 121 concelhos, o recolher obrigatório é aplicado a partir das 13h, o que já levou as salas a adaptarem os seus horários para só terem sessões de manhã nesses fins-de-semana.