Coimbra relança Ecovia para retirar carros do centro da cidade
Câmara vai instalar seis parques de estacionamento em pontos de entrada na cidade que serão servidos por autocarros eléctricos.
A ideia de Ecovia já teve uma primeira vida em Coimbra. Lançado em 1997, quando Manuel Machado (PS) era presidente da câmara municipal, o projecto de estacionamentos instalados à entrada da cidade, então servidos pelas carrinhas da Ecovia, chegou ao fim em 2006, já com Carlos Encarnação (PSD) na liderança da autarquia.
Agora, a autarquia, que é outra vez presidida por Manuel Machado, vai retomar o projecto Ecovia com o objectivo de retirar veículos particulares do centro da cidade. A localização dos seis parques à entrada da cidade foi aprovada na reunião de executivo da autarquia de Coimbra, esta segunda-feira, embora não sem críticas e com algumas interrogações que ficaram sem resposta.
A autarquia espera arrancar com a Ecovia ainda este ano, explicou Manuel Machado, aos jornalistas, caso a evolução da pandemia o permita. Para assegurar a ligação dos estacionamentos ao centro da cidade, a Câmara Municipal de Coimbra adquiriu nove miniautocarros eléctricos por 2,8 milhões de euros. Os veículos, que serão operados pelos Serviços Municipalizados de Transportes Urbano de Coimbra, deverão ser entregues em breve à autarquia, referiu o presidente. Ainda não há um preço definido para o bilhete que permitirá estacionar à entrada de Coimbra com direito a viagem de ida e volta ao centro da cidade.
A vereadora do movimento Somos Coimbra, Ana Bastos, avisou para a necessidade de planear o sistema de raiz, “sob risco de se revelar economicamente insustentável” - e foi precisamente o argumento da inviabilidade financeira o utilizado para extinguir a Ecovia, em 2006. Ana Bastos, que é também professora da Universidade de Coimbra e especialista em transportes, entende ser “indispensável identificar e quantificar os potenciais utilizadores” do sistema, com o desenho das áreas de geração e de atracção. Ou seja, é preciso saber de onde vêm e para onde vão os potenciais da Ecovia.
Machado sublinhou os ganhos ambientais e económicos da solução, mas não referiu quantos carros seria possível retirar do centro da cidade com este sistema. Os estacionamentos da praça Heróis do Ultramar, do Vale das Flores e do Parque Verde já existem e têm uma capacidade combinada de mais de 1100 lugares. A capacidade dos outros três (Guarda Inglesa, Casa do Sal e Choupal) está ainda por definir.
O facto de haver já uma procura e utilização de alguns destes pontos de aparcamento é outras das questões que, para Ana Bastos, deve ser considerada. “Esses parques já respondem a uma procura fixa que, em grande parte, corresponde ao destino final da viagem”, sustenta, por isso “seria importante conhecer as taxas de ocupação actuais desses parques e os destinos finais desses utilizadores”, sublinha. Depois há a localização dos pontos escolhidos pela autarquia: a maioria já é “interior ao espaço urbano e, portanto, associados a alguma dificuldade de acesso, pondo em causa a sua eficácia no seu objectivo primário ‘retirar os carros do centro da cidade'”.
O resgate da Ecovia trouxe com ela o regresso de argumentos antigos, pela voz do vereador do PSD, Paulo Leitão, que disse que os dois vereadores laranja apoiavam a ideia de um sistema de park & ride, mas que não estavam disponíveis para “recriar o extinto projecto da ‘ecovazia'”, alcunha que ficou associada ao sistema, pelo reduzido número de passageiros transportados pelos autocarros. Foram as duas únicas abstenções. Paulo Leitão defende que é importante perceber “a frequência, o preço e o conforto” da frota da Ecovia para que o número de utilizadores seja potenciado.
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