Covid-19: internados descem pela primeira vez em mais de duas semanas no dia com novo máximo de mortes
Boletim desta quarta-feira indica mais 7497 infecções, mas o número deve-se à soma de 3570 casos “decorrentes do atraso no reporte laboratorial”, justifica a DGS. Há 2337 internados, menos 12 do que os notificados na terça-feira, mas o número de infectados em cuidados intensivos voltou a aumentar.
Portugal registou mais 59 mortes por covid-19, um novo máximo diário desde o início da pandemia, e 3927 novos casos de infecção. O número de vítimas mortais no país sobe assim para 2694.
O boletim epidemiológico divulgado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) esta quarta-feira dá conta de mais 7497 casos, incluindo 3570 decorrentes de um “atraso no reporte laboratorial" que, por questões administrativas, se acumulou num laboratório da região Norte desde o dia 30 de Outubro até ao dia 3 de Novembro.
Desde o início da pandemia, 156.940 pessoas já contraíram o coronavírus. Até às 0h desta quarta-feira, mais 2357 tinham sido dadas como recuperadas, aumentando o total de recuperações para 88.946. Excluindo estes casos e os óbitos, há 65.300 casos activos em Portugal, mais 5081 do que na véspera.
Neste momento, encontram-se internadas 2337 pessoas (menos 12), 325 das quais nos cuidados intensivos (mais cinco). É a primeira redução de hospitalizados com covid-19 desde 17 de Outubro.
Os recursos aproximam-se do limite. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, explicou esta quarta-feira que existem 17.216 camas em enfermaria e 892 em unidades de cuidados intensivos. Estão reservadas a estes doentes 2360 camas no primeiro grupo e 373 no segundo.
Frente ao aumento de doentes a precisar de internamento hospitalar, através de despacho, o Ministério da Saúde procurou garantir uma “melhor coordenação e articulação de resposta às necessidades”. “Os hospitais menos pressionados podem ter que dar resposta a pacientes de hospitais mais pressionados”, esclareceu. “Isto carece de uma coordenação regional e inter-regional pelas ARS”, salientou.
Também houve uma orientação para suspender a actividade assistencial não urgente nos hospitais mais pressionados pela pandemia. Conforme recordou, no início desta crise de saúde pública, em Março, “todos concordaram” em fazê-lo para libertar os recursos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A actividade foi retomada em Maio, ainda que recorrendo a alternativas, como o desfasamentos horários. “Esta actividade tem vindo a melhorar de mês para mês”, afiançou.
Esta suspensão temporária de actividade assistencial não urgente não tem de se aplicar apenas aos hospitais que estão a atingir os seus limites. Outros hospitais podem fazê-lo para ajudar a aliviar os mais sobrecarregados pela pandemia. No Norte, o SNS já começou a enviar doentes para o sistema privado. Terça-feira seguiram dez para a Universidade Fernando Pessoa e esta quarta-feira outros dez.
Norte com mais novos casos
Devido ao já mencionado atraso dos reportes laboratoriais, a região Norte tem esta quarta-feira atribuídos 5183 novos casos, seguida de Lisboa e Vale do Tejo, com 1560. As duas regiões com maior número cumulativo de casos (72.875 e 63.250, respectivamente) também concentram o maior número de óbitos: a Norte morreram 34 doentes com covid-19 e em Lisboa e Vale do Tejo 18 (juntas, perfazem 88% das vítimas mortais).
O relatório dá conta de outras cinco mortes na região Centro, que soma 518 novos casos (total de 333 mortes e 13.860 novos casos), e duas no Alentejo, (53 mortes e 3031 casos, mais 120 do que na actualização anterior). A maior parte dos óbitos diz respeito a pessoas com 70 ou mais anos – 37 na faixa etária dos 80 ou mais anos e 14 entre os 70 e os 79 anos, concentrando-se nestes dois intervalos 86% das vítimas mortais.
Há mais 81 novos casos no Algarve (3032 casos e 29 mortes), 26 na Madeira (504 casos, uma morte) e nove nos Açores (388 casos, 15 óbitos).
O boletim não contempla ainda a actualização da distribuição de casos por concelho, que tem sido feita à segunda-feira. A DGS indica que estes dados serão revelados durante esta semana, na sequência da “reformulação dos indicadores relativos aos novos casos”. A autoridade de saúde quer que a incidência cumulativa de casos (número de infecções por cada cem mil habitantes nos últimos 14 dias) seja “a principal métrica utilizada na avaliação de risco de cada concelho para que os cidadãos possam acompanhar a evolução da pandemia” no seu local de residência.
Rácio de transmissibilidade está a diminuir
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, aproveitou a conferência de imprensa desta quarta-feira para dar “uma boa notícia”: está a descer o número médio de contágios por doente, após aplicação de medidas para conter a propagação da doença.
Segundo afirmou, o rácio de transmissibilidade, conhecido por Rt, tem estado a “diminuir de forma sistemática desde o dia 14 ou 15 de Outubro”. Neste momento, está em 1,14.
Este tem sido um dos indicadores mais falados desde o início da pandemia de covid-19. O Rt tem dado diferentes indicações sobre o grau de contágio da covid-19 em diversas partes do país. “Na região Norte era de 1,4 e hoje é 1,13”, especificou. “Aparentemente há um desacelerar da própria pandemia”, comentou.
Linha SNS24 já pode passar declarações de isolamento profiláctico
Ainda esta quarta-feira, a Linha de Saúde 24 deverá ter a funcionar o sistema que lhe permitirá passar declarações de isolamento profiláctico a pessoas que tiveram contacto com doentes de covid-19.
O presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Luís Goes Pinheiro, explicou na conferência de imprensa que esta declaração provisória de isolamento profiláctico não basta para uma pessoa ficar de baixa. Para isso, impõe-se uma declaração da entidade patronal a assegurar que aquela pessoa não pode exercer a sua actividade profissional em regime de teletrabalho.
A medida foi decidida no Conselho de Ministros a semana passada. Já na terça-feira, estava publicada no Diário da República. “Hoje, passa a estar disponível o sistema de informática que permite executar esta medida”, disse Luís Goes Pinheiro. “Estará a funcionara a partir da tarde de hoje.”