“Filas longas, vote amanhã”. FBI investiga dez milhões de chamadas falsas nos EUA

Mais de dez milhões de pessoas receberam chamadas falsas de máquinas a pedir para ficarem em casa no dia das eleições. Redes sociais preparam estratégias para a divulgação dos resultados oficiais.

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As mensagens apenas aludem à pandemia da covid-19 e às eleições LUSA/PETER FOLEY

É dia de eleições nos Estados Unidos, mas ainda há vários esquemas em marcha para convencer as pessoas de que não é o dia certo para votar. Esta terça-feira, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos confirmou que o FBI está a investigar chamadas falsas a tentar suprimir os votos em vários estados através de robocalls (chamadas de robôs, em português) que são mensagens pré-gravadas que tocam quando alguém atende o telefone. A origem das chamadas ainda é desconhecida.

“Filas longas, vote amanhã” e “Fique seguro, fique em casa” são algumas das frases ouvidas. De acordo com dados do jornal norte-americano Washington Post, mais de dez milhões de pessoas nos EUA receberam estas chamadas nos últimos dias. Algumas são repetidas em redes sociais por pessoas que receberam as chamadas. A mensagem é vaga, mas clara: não é dia de votar. 

“Estou a receber alertas de múltiplas robocalls feitas aos residentes de Flint a alertar que devido às filas grandes deviam votar amanhã”, disse no Twitter Dana Nessel, procuradora-geral do estado Michigan, onde fica a cidade de Flint. “Isto é obviamente falso e uma tentativa de suprimir o voto”, frisa Nessel. “Não há filas longas e hoje é o último dia para votar. Não acreditem nas mentiras!”

O problema da existência destas robocalls não é deste ano. Em 2008, a campanha do então candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, queixou-se de uma série de chamadas telefónicas automáticas em nome do opositor John McCain.”Você precisa de saber que Barack Obama trabalhou de perto com o terrorista Bill Ayers”, dizia o robô da altura.

Doze anos depois, a técnica é mais sofisticada. Regra geral, as mensagens são todas vagas e apenas aludem às eleições presidenciais e à pandemia da covid-19. Isto faz com que sejam mais difíceis de desmentir porque queixas de filas longas e cuidados a ter com a covid-19 são tópicos comuns nos noticiários diários.

Nas redes sociais, as pessoas tentam contestar a mensagem ao partilhar fotografias que mostram que as filas não estão grandes e que é seguro sair para votar. As empresas de telecomunicação norte-americanas estão a tentar perceber a origem das chamadas há dias. Em declarações ao Washington Post, um porta-voz da USTelecom, uma associação de empresas de telecomunicações que junta a Verizon e a AT&T, diz que as chamadas parecem ter origem europeia, embora algumas também venham de operadores de outros países.

A desinformação tem sido um problema recorrente nas eleições norte-americanas de 2020. Além das chamadas falsas, há vídeos editados e notícias falsas amplamente partilhadas nas redes sociais. Tal como as chamadas falsas, as publicações falsas vêm frequentemente de bots, programas de computador criados para espalhar desinformação. Este fim-de-semana, por exemplo, um vídeo falso do candidato presidencial Joe Biden a enganar-se no nome do estado que visitava foi amplamente partilhado nas redes sociais.

Para prevenir desinformação sobre os resultados, o Facebook e o Instagram terão centros de informação no topo das redes sociais a relatar os resultados oficiais (ou a alertar que anda não existem). O Twitter também dará destaque a um ‘Election Hub’ (centro eleitoral) a realçar informação de fontes fidedignas. O YouTube apresentará um centro de informação semelhante, mas apenas se os utilizadores pesquisarem sobre as eleições.

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