Chegou a altura do ano em que centenas de ursos polares vão para Churchill, em Manitoba, no Canadá, onde se juntam ao longo da costa à espera que a Baía de Hudson congele para poderem voltar a caçar focas pela primeira vez desde o Verão. O fenómeno inspirou a criação da Polar Bear Week, um evento anual da organização sem fins lucrativos Polar Bears International, que este ano se realiza de 1 a 7 de Novembro e que terá particular atenção às alterações climáticas.
"Devido à pandemia e às eleições americanas”, este ano a programação será “diferente”, segundo o site da Polar Bears International. “Estamos a oferecer mais formas para as pessoas se envolverem a partir de casa, com o objectivo de aliviar o stress”, pode ler-se. Uma delas é que será possível ver os ursos no seu habitat através de transmissões em directo a partir da tundra e ainda assistir a conversas com cientistas e especialistas que estarão no local. Estão ainda agendadas actividades educativas que se focam “na importância do gelo marinho para os ursos polares – e por que devemos agir sobre as mudanças climáticas para assegurar a sua sobrevivência”. E outras que podem ser consultadas no site da organização, onde também se pode fazer doações ou adoptar simbolicamente um urso polar.
“Esperamos que a Polar Bear Week incentive as pessoas a fazer uma pausa, apreciar e ouvir esta espécie”, disse a directora executiva da Polar Bears International, Krista Wright, num comunicado à imprensa. “Se agirmos rápida e colectivamente para fazer uma transição ousada para a energia renovável, e longe dos combustíveis fósseis, podemos preservar os ursos polares para as gerações futuras”. Segundo um estudo publicado na Nature Climate Change em Julho, os ursos polares no Árctico poderão estar extintos até ao final do século.
Os cientistas vão ter ainda especial atenção à resposta destes animais às mudanças originadas pela pandemia. “Churchill tem muito turismo e, nos anos anteriores, era interessante vê-los [aos ursos] a interagir com os buggies. Mas, este ano, não há tantos turistas, por isso será muito curioso ver como os ursos ocupam o seu tempo – talvez procurem aquele estímulo [dos turistas] depois de terem ficado entediados durante meses”, disse Alysa McCall, cientista da equipa e directora da área de preservação da Polar Bears International, à Lonely Planet.
McCall referiu ainda que vai ser possível ver os ursos com sono e também a alongarem o corpo. A cientista está também a contar com muitos ursos famintos, uma vez que “não têm uma boa refeição desde Maio ou Junho”. “Mas também vamos ver muitos ursos curiosos. Se tivermos sorte, eles até podem fazer luta livre para nós”, acrescentou.
Texto editado por Amanda Ribeiro