Inês Marques supera as expectativas no Golden Trail Championship
Num evento com um nível superior a um campeonato do mundo, a campeã nacional de trail garantiu um lugar no top 20. Bruno Silva e Dário Moitoso também estiveram em destaque na prova realizada no Faial.
Houve joelhos esfolados, mãos e pernas com cortes profundos, e nódoas negras que vão demorar muitos dias a desaparecer, ossos do ofício para quem faz do trail running uma paixão, mas mesmo com a imprevisível meteorologia dos Açores pouco colaborante – a terceira etapa, que incluía uma subida ao topo do Pico, teve que ser cancelada -, o Golden Trail Championship (GTC) não defraudou as expectativas. Durante quatro dias, a elite do trail mundial percorreu os trilhos do Faial e, no final, dois dos principais nomes da modalidade garantiram o triunfo na prova promovida pela Salomon: polaco Bart Przedwojewski foi o vencedor em masculinos; a suíça Maude Mathys ganhou em femininos. Entre os portugueses, Inês Marques superou as expectativas ao terminar no top 20, enquanto os jovens Bruno Silva e Dário Moitoso estiveram em evidência em masculinos.
Foram quatro dias de competição repletos de chuva, vento e muita humidade, o que forçou a organização da Açores Trail Run a colocar em prática o “plano B”, que passava por transferir a etapa do terceiro dia na ilha do Pico para o Faial, realizando assim, na integra, a prova na ilha faialense. No entanto, num evento que contou com um conjunto de atletas com um ranking ITRA [International Trail Running Association] superior aos que habitualmente competem em Mundiais da modalidade, o nível competitivo esteve sempre muito alto.
Na prova masculina, o polaco Bart Przedwojewski, depois de ser segundo no primeiro dia, venceu a 2.ª e 3.ª etapa e, no último percurso do GTC, o atleta da Solomon Running controlou a vantagem de 8m54s que tinha sobre Jim Walmsley, cortando a meta no porto da Boca da Ribeira, no extremo Nordeste do Faial, a 1m46s do norte-americano, garantindo dessa forma o prémio de seis mil euros pela vitória na prova. O francês Frederic Tranchaud, especialista em provas de orientação, fechou o pódio.
Entre os portugueses, foi a nova geração que esteve em bom nível. Bruno Silva, da Furfor Running Project, foi o melhor atleta nacional em três das quatro etapas. No final, o atleta da equipa de Paredes conseguiu um meritório 26.º lugar na geral.
A correr em casa, Dário Moitoso brilhou no último dia. Depois de um dia menos positivo na véspera, o açoriano concluiu a última etapa em 17.º, o que permitiu ao campeão nacional de trail de 2019 e 2020 subir várias posições: o atleta da Azores Trail Run concluiu o GTC em 34.º lugar. Com uma prova muito regular, Bruno Sousa, o outro triatlista da Furfor nos Açores, foi o terceiro melhor português (38.º).
Na prova feminina, Maude Mathys completou o pleno da Salomon Running no GTC. Tal como Przedwojewski, a categorizada helvética venceu a 2.ª e 3.ª etapa e, na última ligação, controlou a principal rival (a norte-americana Rachel Drake), garantindo a vitória na geral com mais de nove minutos de avanço.
Correndo ao lado das “melhores das melhores” triatlistas mundiais, Inês Marques superou as melhores expectativas que tinha para a prova. Com uma competição em crescendo, a corredora da Salomon Suunto Caravela foi ganhando posições ao longo do evento e, com um excelente 17.º lugar no último dia, concluiu o GTC na 20.ª posição.
No final, Marques explicou que “sabia a quanto tempo estava do top 20” e, por isso, deu “tudo por tudo na última etapa”. “Acabou por correr bem. Consegui ombrear com as melhores mundiais. Ainda há uma diferença, mas a maior parte são profissionais. Este resultado é uma motivação para continuar a treinar e ser cada vez melhor. Foi importante para ter a noção que consigo competir a um bom nível”, disse ao PÚBLICO a campeã nacional de trail, trail ultra e sky race.
Num balanço do evento, Inês Marques afirma que a organização “não teve muita sorte com as condições climatéricas” que tornaram “os trilhos enlameados e até um pouco perigosos”, o que “não beneficiava os portugueses”: “Era mesmo muita, muita lama, o que provocava algum receio de arriscar. Mesmo assim, nesta última etapa fartei-me de cair.”
No entanto, a portuguesa diz que a Açores Trail Run “está de parabéns”. “Com o cancelamento da etapa no Pico, tiveram que encontrar percursos alternativos que não fossem repetitivos, marcando os trilhos em cima das etapas. Não é fácil, mas correu tudo bem.”
Classificações finais
Homens
1 - Bart Przedwojewsi (Team Salomon): 9h10m10s
2 - Jim Walmsley (Team Hoka One One: 9h17m18s
3 - Frederic Tranchand (Team Nvii Sport): 9h26m32s
4 - Elhousine Elazzaoui (Team Salomon): 9h28m46s
5 - Stian Angermund (Team Salomon): 9h29m05s
26 – Bruno Silva (Furfor Running Project): 10h32h34s
34 – Dário Moitoso (Azores Trail Run): 10h52m31s
38 – Bruno Sousa (Furfor Running Project): 11h04h30s
43 – Rúben Veloso (EDV Viana Trail): 11h49m07s
46 – Romeu Gouveia (Salomon Suunto Caravela): 11h57m21s
47 – Filipe Ferreira (Clube Aventura Madeira): 11h59m56
50 – Jorge Manuel (Montanha Clube – Efapel): 12h11m30s
Mulheres
1 – Maude Mathys (Team Salomon): 10h47m41s
2 - Rachel Drake (Team Nike Trail): 10h56m53s
3 - Blandine L’Hirondel: 11h02m42s
4 - Tove Alexandersson (Team Icebug): 11h06m43s
5 – Johanna Astrom (Team Arc’teryx): 11h26m04s
20 - Inês Marquês (Salomon Suunto Caravela): 12h42m16s
30 - Ester Alves (Salomon Suunto Caravela): 14h13m13s
32 - Mariana Machado (Oralklass – Amigos do Trail): 14h21m45s
33 - Luísa Freitas (C. D. Escola Santana): 14h32m39s
37 - Joana Esperanço (Montanha Clube – Efapel): 14h57m55s
39 - Margarida Pereira (C.D. Gonçalo Velho): 15h49m33s
43 - Sónia Túbal – 18h28m43s