Polícia carregou contra manifestantes junto ao tribunal de Luanda
A polícia angolana dispersou esta terça-feira com gás lacrimogéneo cerca de uma centena de jovens que se encontravam concentrados em frente ao Tribunal Provincial de Luanda. Este é o segundo dia em que o espaço circundante do tribunal, o Palácio Dona Ana Joaquina, na baixa de Luanda, é ocupado por jovens que exigem a libertação dos manifestantes detidos no sábado, e prometiam manter-se no local até à noite.
No entanto, essa intenção acabou por ser frustrada ao final da tarde quando a Polícia de Intervenção Rápida (PIR) foi mobilizada e dispersou os jovens, que tinham avançado pelas ruas adjacentes ao tribunal e tentaram impedir a circulação automóvel usando pneus e contentores, enquanto alguns se sentavam na estrada.
No confronto, os manifestantes arremessaram pedras e outros objectos, que danificaram viaturas que se encontravam nas proximidades, e ficaram espalhadas pela estrada. A polícia reagiu disparando granadas de gás lacrimogéneo e detendo alguns dos jovens.
Os manifestantes mantiveram-se no local toda a tarde, gritando palavras de ordem contra o MPLA e os “marimbondos”, palavra usada pelo Presidente João Lourenço para definir aqueles que viviam à conta do Estado no tempo de José Eduardo dos Santos, e exibindo cartazes e faixas com os dizeres “O desemprego marginaliza”.
“Se lhes condenarem, Luanda pega fogo”, “soltura”, “liberdade” apelaram os jovens, entre apitos e palmas, frente a um cordão policial que esta terça-feira foi alargado ao edifício em frente ao tribunal, o Ministério das Relações Exteriores (MIREX).
No interior do tribunal, os acusados começaram a ser ouvidos cerca da hora do almoço, após as instalações serem desinfectadas e terem sido criadas condições sanitárias para se iniciar o julgamento. Segundo um dos advogados do processo, dois manifestantes apresentaram um resultado positivo no teste à covid-19, estando um deles ainda detido e a aguardar julgamento, embora tenha sido entretanto isolado.
Os manifestantes são acusados de desobediência ao decreto presidencial 276/20 que estabeleceu medidas mais restritivas no âmbito da prevenção da covid-19, quatro crimes de ofensas corporais voluntárias e dois crimes de danos voluntários sobre bens da Polícia Nacional.