Sílvia Curado e a edição genética
No podcast Assim Fala a Ciência do PÚBLICO, com o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos, vamos falar esta semana de edição genética – o tema do Prémio Nobel da Química deste ano – com a especialista Sílvia Curado.
Poderemos modificar os genes de seres humanos? Como e quando? E deveremos fazê-lo? Poderá haver algum consenso a respeito da edição do ADN humano com a finalidade de tratar doenças associadas à genética. Ficou célebre o caso de Angelina Jolie que em 2013, então com 37 anos, se submeteu a uma dupla mastectomia preventiva. A actriz sabia que tinha um risco elevado de vir a ter cancro da mama ou dos ovários devido a uma mutação no gene BRCA1. De facto, tanto a sua mãe como a sua avó morreram com cancros deste tipo. A tecnologia de edição genética CRISPR/Cas9 abriu a possibilidade de corrigir este tipo de defeitos. E as investigadoras Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna ganharam o Nobel da Química deste ano por terem desenvolvido essa técnica. Que técnica é esta?
É o que vou perguntar a Sílvia Curado, professora e investigadora da Universidade de Nova Iorque. Para além de ter responsabilidades de direcção na Faculdade de Medicina dessa universidade, ela ajudou recentemente a formar o consórcio COMBATCOVID, que reúne várias instituições médicas dos Estados Unidos com o objectivo de partilhar dados de pacientes, soluções informáticas e experiências clínicas na área da covid-19.
Sílvia Curado é também presidente da PAPS – Portuguese American Postgraduate Society –, uma organização que visa apoiar o desenvolvimento académico e profissional de portugueses e luso-americanos que se encontrem nos Estados Unidos ou Canadá, assim como estabelecer uma ponte entre Portugal e a América do Norte. E é autora do livro Engenharia Genética – O Futuro Já Começou (Glaciar, 2017), uma obra de divulgação científica acerca de genética e dos seus avanços mais recentes, incluindo o CRISPR/Cas9. Antecedendo em três anos o Nobel de Charpentier e Doudna, Sílvia Curado elencou nesta obra as principais características, potencialidades e riscos da edição genética. Na nossa conversa falamos também deles. Será aceitável “encomendarmos” bebés à medida? Permitir aos pais que escolham a cor dos olhos dos filhos ou outras características físicas e intelectuais? Onde traçamos a linha entre as intervenções de saúde e os melhoramentos genéticos? Falamos ainda da desinformação acerca da covid-19, que se espalha pelo mundo à velocidade da luz e que atinge de forma muito intensa os Estados Unidos.
A cada duas semanas, sempre ao sábado, é divulgado no site do PÚBLICO um novo episódio do Assim Fala a Ciência. Eu ou o Carlos Fiolhais, professor de física da Universidade de Coimbra, estaremos à conversa com investigadores portugueses da rede GPS – Global Portuguese Scientists, uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos que liga os cientistas lusos em todo o mundo.