A luta desesperada para salvar os coalas da Austrália
Governo regional e organizações lutam a todo o custo para assegurar a sobrevivência dos coalas. Os incêndios florestais, a clamídia e o desenvolvimento urbano têm empurrado esta espécie para o limiar da extinção.
“Os coalas correm o risco de ficarem extintos dentro do nosso tempo de vida”, diz Morgan Philpott. No seu trabalho como enfermeira pediátrica, a australiana cuida de crianças, mas nos tempos livres volta-se para a comunidade de coalas feridos.
À Reuters, a enfermeira alerta para a possível extinção da população de coalas no estado de Nova Gales do Sul, na Austrália, enquanto ajuda um veterinário a tratar um animal, infectado com clamídia (uma doença comum e mortífera para coalas).
A clamídia é apenas um pequeno factor que tem contribuído para a razia da espécie. Os incêndios florestais que têm varrido a Austrália, as secas, a destruição de floresta para lenha, entre outros problemas, têm reduzido as hipóteses de sobreviverem.
Segundo um relatório do Governo australiano, os coalas que vivem em Nova Gales do Sul poderão desaparecer até ao ano de 2050.
“Se as áreas que não arderam em 2019 ardessem este ano, a situação ficaria catastrófica. Os próximos incêndios podem ser o fim”, afirma Philpott, que se juntou à maior organização de direitos dos animais, a Wildlife Information, Rescue and Education Service (WIRES), pressionada pela filha.
Os incêndios que devastaram a Austrália no início do ano foram dos piores de sempre. Arderam mais de 11,2 milhões de hectares e, por consequência, morreram pelo menos 5 mil coalas. Os fogos afectaram ou mataram três mil milhões de animais no país, levantando novamente dúvidas sobre o esforço feito para lutar contra as alterações climáticas.
Enquanto, por cá, o Inverno está a chegar, os australianos vão entrar brevemente no Verão e, com ele, o perigo de incêndios florestais volta a aumentar. Apesar de os meteorologistas esperarem uma estação mais fresca, a ameaça para os coalas continua presente.
O governo regional tem procurado impor restrições aos agricultores de queimarem e limparem a terra que faz parte do habitat dos coalas; as medidas encontraram resistência da comunidade agrícola que quer gerir a sua propriedade como bem entender.
Segundo Kellie Leigh, directora da organização não-governamental Science for Wildlife, a destruição do habitat natural não é o factor mais prejudicial para a vida dos coalas, mas sim os ataques de cães e atropelamentos nas estradas.
As organizações que lutam para preservar os coalas apontam o dedo às alterações climáticas que têm influenciado os incêndios florestais, mas também ao crescimento de cidades como Sydney – o aumento de população das metrópoles tem impulsionado a destruição da floresta para construir casas e já há sinais de trânsito a prevenir para a possível presença de coalas a vaguear no seu antigo território. “Tem de haver um equilíbrio para garantir que estas espécies sobrevivem”, disse Tracey, voluntária na WIRES.