Várias operações policiais contra membros do movimento islamista em França
As operações visam “transmitir uma mensagem: (...) nem um minuto de trégua será dada aos inimigos da República”, disse o ministro do Interior francês.
Várias operações policiais foram lançadas esta segunda-feira de manhã em França contra “dezenas de indivíduos” envolvidos no movimento islamista, anunciou o ministro do Interior francês, afirmando que o professor decapitado na sexta-feira foi vítima de uma “fatwa”.
“Eles claramente emitiram uma fatwa (decreto religioso islâmico, neste caso de morte) contra o professor”, disse Gerald Darmanin à rádio Europe 1, apontando para os suspeitos sob custódia.
Estas operações policiais, decididas na sequência do Conselho de Defesa realizado no domingo, decorrem desde a manhã desta segunda-feira e terão continuidade nos próximos dias.
Segundo o ministro, as operações não visam “necessariamente indivíduos ligados à investigação” do assassínio do professor de História Samuel Paty.
As operações visam, no entanto, “transmitir uma mensagem: (...) nem um minuto de trégua será dada aos inimigos da República”, sublinhou Gérald Darmanin, sem dar mais detalhes.
Desde o assassínio do professor, na sexta-feira, em Conflans Saint-Honorine, foram abertas “mais de 80 investigações” por ódio online e foram efectuadas detenções, acrescentou o ministro, referindo que quer dissolver várias associações, incluindo o Colectivo contra a Islamofobia na França (CCIF).
“Cinquenta e uma estruturas associativas terão um certo número de visitas dos serviços do Estado ao longo da semana e várias delas, por proposta minha, serão dissolvidas em Conselho de Ministros”, anunciou Gerald Darmanin.
O CCIF está “obviamente envolvido” e “alguns elementos permitem-nos pensar que este é inimigo da República”, continuou o ministro.
A associação tem “auxílios estatais, deduções fiscais e denuncia a islamofobia estatal”, acrescentou.
Darmanin também citou a organização Baraka City, fundada por muçulmanos com perfil “salafista”, cujo presidente, Driss Yemmou, foi colocado sob supervisão judicial na quinta-feira como parte de uma investigação por assédio nas redes sociais.
A associação, cuja conta no Facebook é seguida por mais de 715.000 pessoas, desperta forte entusiasmo entre muitos jovens crentes, mas também suspeita por suas posições às vezes radicais.
Sobre a evocação de uma "fatwa” contra o professor, o ministro referiu em particular o pai de um estudante de Conflans Saint-Honorine e o activista islâmico radical Abdelhakim Sefrioui. Os dois homens estão entre as onze pessoas detidas durante a investigação do ataque perpetrado na sexta-feira.
Na tarde de sexta-feira (16h de Lisboa), Samuel Paty, um pai de família de 47 anos, foi decapitado perto do colégio onde ensinava História e Geografia, numa área tranquila de Conflans-Sainte-Honorine, nos subúrbios a oeste de Paris. O seu agressor, um refugiado russo de 18 anos de origem chechena, foi baleado nove vezes pela polícia.
Fonte da polícia, citada pela agência de notícias AFP, explicou que a vítima terá exibido caricaturas do profeta Maomé durante uma disciplina sobre liberdade de expressão.