Utentes de lar de Beja transferidas para base aérea

Entre utentes e funcionários há 106 casos de covid-19 no lar Mansão de São José, em Beja. Base Aérea n.º 11 já estava preparada para a possibilidade de receber utentes desta instituição.

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As utentes começaram a ser transferidas na tarde deste sábado LUSA/NUNO VEIGA

A transferência de 54 utentes do lar Mansão de São José, em Beja, para a Base Aérea Nº 11 (BA11), nos arredores da cidade, começou este sábado pelas 15h45, disse fonte do município. A mesma fonte indicou à Lusa que inicialmente estava prevista a transferência de 58 utentes, de um lar que apenas acolhe utentes do sexo feminino, mas vão ser transferidas 54, duas delas com resultados negativos à covid-19.

A fonte da Câmara Municipal de Beja adiantou ainda que vão ser encaminhadas sete utentes para o hospital de Beja, para serem internadas, onde já se encontram três mulheres deste lar. Ficam no lar 25 utentes, com resultados positivos para o novo coronavírus, adiantou a mesma fonte.

O surto neste lar conta desde este sábado com um total de 87 idosas com resultados positivos para o novo coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, e 19 funcionários, o que dá o total de 106 infectados, de acordo com dados da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).

Segundo fontes do município e da Protecção Civil, estão envolvidos nesta operação, coordenada pelos Bombeiros Voluntários de Beja, operacionais e veículos das corporações de bombeiros de Beja, Ferreira do Alentejo, Ourique, Moura, Serpa e Mértola, da delegação de Beja da Cruz Vermelha Portuguesa e elementos do Serviço Municipal de Protecção Civil, além da PSP e da GNR.

Em declarações à Lusa, na sexta-feira, o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, explicou que a transferência das utentes da instituição para a BA11 foi decidida pelas autoridades de Saúde locais e visa “descongestionar o espaço” do lar, “que, aparentemente, tem pessoas em excesso”.

“Para descongestionar o espaço, vão retirar as pessoas que estão em melhores condições físicas e de mobilidade, mantendo na unidade”, situada na zona histórica da cidade de Beja, as restantes utentes “que têm mais dificuldades de locomoção e autonomia”, disse.

O presidente do município alentejano precisou que as utentes do lar Mansão de São José transferidas para a BA11 serão instaladas num edifício “que tem vindo a ser preparado desde o mês de Abril precisamente para uma finalidade com estas características”.

“Foi adaptado um espaço na BA11 com 70 camas precisamente para que, quando no distrito ocorresse uma situação de emergência de grande dimensão num lar, pudessem as pessoas ir para lá nas melhores condições”, acrescentou. Paulo Arsénio vincou que esta “é a melhor solução” que existe no concelho “para ser usada nestas circunstâncias” e que as utentes ficarão na BA11 “até o grupo estar totalmente recuperado”.

Para apoiar estas pessoas, a Câmara de Beja contratou uma empresa de prestação de serviços na área da geriatria, cujos primeiros “14 auxiliares chegam hoje à BA11”, anunciou o presidente da autarquia.

O número de infectados neste lar subiu de 97 para 106, por terem sido identificados mais nove pessoas com testes com resultados positivos ao novo coronavírus.

Uma fonte da ULSBA indicou à Lusa que, dos 15 testes que estavam inconclusivos, chegaram os resultados de 11, dos quais nove são positivos, quatro de utentes e cinco de funcionários, e dois são negativos. A ULSBA aguarda ainda o resultado de quatro testes.

Três utentes deste lar infectadas com covid-19 estão internadas no hospital da cidade, com quadro clínico “estável”, segundo a ULSBA. As três idosas encontram-se na “enfermaria covid” do Hospital José Joaquim Fernandes, com um “quadro clínico estável”, disse a mesma fonte.

O primeiro caso de covid-19 detectado neste lar foi o de uma mulher de 89 anos que “deu entrada na segunda-feira no Serviço de Urgência” do hospital de Beja, “fez um teste positivo” para o coronavírus SARS-CoV-2 e foi internada, disse esta semana à Lusa fonte da ULSBA.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais 39,3 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2162 pessoas dos 98.055 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.