Navalny: director dos serviços secretos russos entre os sancionados por UE e Reino Unido

Alexander Bortnikov é uma das seis figuras próximas de Vladmir Putin sancionadas por Bruxelas e Londres em resposta ao uso de Novichok contra Alexei Navalny. Visados estão proibidos de viajar para a UE e para o Reino Unido e vêem os seus bens congelados naqueles países.

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Alexander Bortnikov, director dos serviços secretos russos (FSB) PAVEL GOLOVKIN / POOL/EPA

A União Europeia (UE) e o Reino Unido impuseram esta quinta-feira sanções a seis figuras próximas do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, incluindo o director dos Serviços de Segurança da Rússia (FSB) e dois vice-ministros da Defesa, pelo envenenamento do opositor russo Alexei Navalny.

A decisão surge dias depois de os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE terem dado luz verde à imposição de sanções, uma decisão que foi incentivada pela França e pela Alemanha, que nas últimas semanas têm defendido uma resposta mais dura de Bruxelas a Moscovo.

Numa decisão considerada rápida e robusta, a UE contou com o apoio do Reino Unido, que fez questão de se colocar ao lado dos 27 Estados-membros nesta questão, impulsionado por, em 2018, o antigo espião russo Serguei Skripal ter sido envenenado em solo britânico com Novichok, a mesma substância utilizada contra Navalny.

“Hoje, estamos a sancionar os responsáveis pelo envenenamento criminoso de Navalny com Novichok. O Reino Unido vai continuar a trabalhar de perto com os seus parceiros internacionais para conter o uso de armas químicas por parte da Rússia”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, no Twitter.

A UE, por seu lado, em comunicado, “condena a tentativa de assassínio de Alexei Navalny” e sublinha que “o uso de armas químicas constitui uma grave violação da lei internacional”.

As medidas aplicadas por Bruxelas e Londres proíbem as viagens e congelam os bens das figuras visadas nos seus territórios. Entre os sancionados, destaca-se Alexander Bortnikov, director dos serviços secretos russos, o FSB, agência que sucedeu ao KGB, e Serguei Kiriyenko, primeiro chefe-adjunto da Administração Putin, e uma figura muito próxima do Presidente.

Os vice-ministros da Defesa Alexei Krivoruchko e Pavel Popov também estão incluídos na lista, assim como Serguei Menyailo, representante de Putin na Sibéria, e Andrei Yarin, que integra o Kremlin. O Instituto Russo de Investigação em Química Orgânica e Tecnologia, onde Bruxelas acredita que foi desenvolvido o Novichok, também foi sancionado.

O Kremlin, que tem rejeitado o seu envolvimento no envenenamento de Navalny, disse que vai responder e aplicar sanções à UE, mas até agora ainda não anunciou quaisquer medidas.

As autoridades russas consideram “absurda” a tese de que poderiam estar envolvidas na tentativa de assassínio de Navalny, e chegaram mesmo a sugerir que está em causa um plano orquestrado pelo Ocidente para prejudicar a Rússia ou, em último caso, que o próprio Navalny se poderá ter envenenado a si próprio.

Navalny, um advogado de 44 anos que tem feito oposição a Putin, denunciando a corrupção nas altas esferas do poder russo, foi envenenado a 20 de Agosto, na Sibéria, tendo sido internado num hospital em Tomsk e transferido para o Hospital Charité, em Berlim, dois dias depois, onde foi tratado.

Após várias análises, laboratórios militares alemães, suecos e franceses chegaram à conclusão que o advogado foi envenenado com Novichok, uma arma química altamente tóxica, da qual foram encontrados vestígios numa garrafa de água no quarto de hotel onde Navalny esteve hospedado na Sibéria. A Organização para a Proibição de Armas Químicas confirmou o envenenamento.

O opositor russo teve alta hospitalar a 23 de Setembro e continua a recuperar na Alemanha, mas tem manifestado vontade de regressar à Rússia assim que possível. Navalny acusa Vladimir Putin de ter ordenado o seu assassínio.

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