Fundação Champalimaud e universidade chinesa acordam parceria para investigar cancro

Protocolo prevê a criação de um instituto dedicado à imunotecnologia, um investimento que deverá ascender a 85 milhões de euros. Parceria insere-se no objectivo da Fundação Champalimaud de se transformar num centro de referência mundial para o estudo e tratamento do cancro do pâncreas.

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Fundação Champalimaud, Lisboa daniel rocha

A Fundação Champalimaud e a Primeira Universidade de Medicina de Shandong assinaram esta segunda-feira um protocolo para investigação e tratamento do cancro, com um foco inicial na imunoterapia e que prevê a criação de um instituto de imunotecnologia na China.

Segundo um comunicado da fundação, o protocolo assinado com a universidade chinesa “de referência na área da investigação médica” prevê “apoio técnico e científico da Fundação Champalimaud, o que a médio prazo deverá dar lugar à criação de um instituto único no mundo dedicado à imunotecnologia, um investimento que deverá ascender a 100 milhões de dólares” (cerca de 85 milhões de euros).

O projecto de investigação e colaboração clínica será liderado pelo professor Markus Maurer, médico e investigador principal do serviço de Imunoterapia e Imunocirurgia da Fundação Champalimaud.

“O foco inicial desta colaboração incidirá sobre a imunoterapia, que consiste em modular o sistema imunitário do paciente ou de um dador para combater, entre outras possíveis patologias, o cancro. A imunoterapia é particularmente relevante como linha de tratamento em cancros agressivos, difíceis de tratar, contra os quais existem poucas opções terapêuticas, originando por isso taxas elevadas de mortalidade e morbilidade. É o caso do cancro do pâncreas, na sua maioria silencioso, não operável e fulminante”, refere o comunicado.

A parceria insere-se no objectivo da Fundação Champalimaud de se transformar num centro de referência mundial para o estudo e tratamento do cancro do pâncreas e o memorando assinado esta segunda-feira prevê projectos conjuntos de investigação translacional e desenvolvimento tecnológico, concepção de estratégias de tratamento clínico, intercâmbios e partilha de recursos técnicos e científicos.

“A longo prazo, pretende-se, em linhas gerais, fomentar e expandir a forte ligação do Centro de Imunotecnologia à indústria, à academia e ao Governo local, regional e nacional, expandir os programas de colaboração e cooperação internacional, e contribuir para o desenvolvimento do eixo Europa China, tendo como parceiro importante e, em certa medida, privilegiado a Fundação Champalimaud e Portugal”, refere o comunicado.

Segundo a Fundação Champalimaud, a universidade chinesa vai dedicar um edifício do seu campus à integração das equipas de investigação, “onde permanecerão dedicadas à imunotecnologia oncológica e infecciosa”.

“O centro terá a designação de Centro Sino-Europeu para a Imunotecnologia (China-Europe Imunotechnology Institute). A Primeira Universidade de Medicina de Shandong tem vindo a manifestar o interesse em que a Fundação Champalimaud esteja intimamente ligada, não apenas à sua criação e organização, mas à sua gestão a longo prazo. A instituição conta atrair numa segunda fase o investimento directo de outras entidades públicas e privadas, dentro e fora da região de Shandong”, adianta o comunicado.

O acordo de parceria foi assinado por João Silveira Botelho, vice-presidente da Fundação Champalimaud, e por Han Jinxiang, vice-secretário-geral permanente da primeira Universidade de Medicina de Shandong. Virtualmente estiveram também presentes na cerimónia José Augusto Duarte, embaixador de Portugal em Pequim, e Cai Run, embaixador da República Popular da China em Lisboa.