Detenções com violência em manifestação contra o Presidente da Bielorrússia
Dez mil pessoas reuniram-se em Minsk, para continuar protestar contra a eleição de Lukashenko. Polícia tentou dispersar a multidão com canhões de água e há relatos de agressões, detenções.
Várias dezenas de pessoas foram detidas este domingo em Minsk, capital da Bielorrússia, em mais uma uma manifestação semanal de protesto contra a reeleição, considerada como fraudulenta, do Presidente Alexander Lukashenko.
As imagens transmitidas pelo site noticioso independente Tut.by, mostram a polícia de choque e homens encapuzados, à paisana, a correrem para a zona central de uma das avenidas principais da capital bielorrussa, e a prenderem, por vezes de forma agressiva, os manifestantes, presentes em grande número.
As autoridades chegaram a utilizar canhões de água e forças anti-motim para dispersar a multidão, escreve a Reuters.
De acordo com a ONG Viasna, ao todo foram presas 39 pessoas. A manifestação reuniu pelo menos dez mil pessoas, segundo um jornalista da agência francesa de notícias AFP.
No sábado, o controverso chefe de Estado surpreendeu, ao reunir-se com vários opositores presos na prisão dos serviços especiais (KGB), a fim de discutir as alterações constitucionais que está a planear, informou a presidência bielorrussa.
A timelapse from https://t.co/aXC94jnSWh. These are the people who were able to group together in spite of the road blocks and attempts to disperse them. They are continuing to march even after the brutal violence earlier in the day. pic.twitter.com/ZtPnEK6NzK
— Sasha St John Murphy (@SashaStJMurphy) October 11, 2020
O canal de Telegramas NEXTA Live, que coordena parcialmente o protesto e que tem dois milhões de assinantes – num país de 9,5 milhões de habitantes – apelou aos manifestantes para se reunirem em torno desta prisão e do Ministério do Interior, para que “cada prisioneiro político ouça” o povo.
Centenas de manifestantes, líderes de movimentos políticos, sindicatos e jornalistas foram detidos desde o início de Agosto por terem participado ou organizado protestos contra o resultado das eleições e contra Lukashenko, há 26 anos no poder.
Este domingo também foram presos cerca de dez jornalistas, incluindo representantes dos meios de comunicação russos.
O movimento de protesto sem precedentes, desencadeado por suspeitas de fraude maciça durante as eleições presidenciais de 9 de Agosto reúne todos os domingos dezenas de milhares de pessoas em Minsk.
Em resposta, as autoridades estão a destacar um grande número de forças anti-motim, veículos blindados e canhões de água para a capital. Estão também a restringir o acesso à internet móvel e a reduzir os transportes públicos, para dificultar a mobilização.
“Não importa quantas pessoas ponham na prisão, ainda vamos sair porque os líderes são eles, ela e todos nós”, disse à AFP o empresário Alexander Starovoitov, de 32 anos, que participou na manifestação. As principais figuras da oposição estão na prisão ou no exílio, como a candidata da oposição nas eleições presidenciais, Svetlana Tsikhanovskaya.
“Vamos continuar a marchar pacificamente e persistentemente e exigir aquilo que é nosso: nvoas eleições, livres e transparentes”, escreveu Tsikhanouskaya na rede social Telegram, a partir da Lituânia.
Esta semana, vários países europeus, incluindo o Reino Unido, a Estónia e a Letónia, chamaram os seus embaixadores destacados em Minsk.