Um empate com sabor a liderança

Quatro anos depois da final do Euro 2016, a selecção nacional voltou a empatar a França durante 90 minutos e segurou o primeiro lugar na Liga das Nações.

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LUSA/MANUEL ALMEIDA

Há quatro anos e uns meses, no Stade de France, um 0-0 em 90 minutos transformou-se num 1-0 ao final de 120 graças a um herói improvável chamado Éder. Esse jogo de 2016 era uma final e as finais não podem terminar empatadas. Não era o caso deste França-Portugal, no mesmo palco dessa final. Sim, era um jogo cabeça-de-cartaz, o campeão mundial contra o campeão europeu, mas o que estava em disputa eram pontos. E, no final de 90 minutos, cada uma das selecções ficou com um ponto, graças a um 0-0 na terceira jornada do Grupo 3 da Liga das Nações A. Ambos saíram deste confronto com sete pontos, mas foi Portugal quem se manteve no comando do agrupamento graças à diferença de golos e com o sentimento de dever cumprido na casa do campeão mundial.

Classificação fornecida por SofaScore LiveScore

Depois de um jogo de experiências que não resultaram muito bem, Portugal voltou a um perfil mais familiar, sobretudo com outra química, própria de jogadores que estão habituados a alinhar juntos. E todos sabiam muito bem o que fazer para absorver todos os desejos da selecção francesa em mandar no jogo. Regressou, por exemplo, uma das boas ideias de Fernando Santos, a dupla Danilo-William no meio-campo, em que o primeiro faz o patrulhamento da zona e liberta o segundo para colocar a bom uso a sua capacidade de passe e visão de jogo.

Junte-se a isto a criatividade de Bruno Fernandes e Bernardo Silva, mais João Félix e Cristiano Ronaldo a rodar na posição de português mais avançado, e temos uma fórmula que foi absolutamente eficaz na primeira parte. A França, com o estatuto de campeã do mundo e o seu poder de fogo no ataque (Griezmann, Giroud, Mbappé), nada conseguia fazer porque Portugal estava totalmente no controlo, e até com algum ascendente no ataque, mas sem dar grande trabalho a Hugo Lloris.

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Só aos 24’ é que a selecção portuguesa esteve perto do golo. Bruno Fernandes descobriu Ronaldo na área francesa, mas, quando o capitão se preparava para o seu 102.º golo na selecção, Lucas Hernández tirou-lhe a bola. A França respondeu aos 32’, num dos raros momentos em que conseguiu atacar na primeira parte. Griezmann surgiu em velocidade no flanco, mas Rui Patrício estava bem colocado e desfez o remate do avançado do Barcelona.

A selecção portuguesa manteve a compostura até ao final da primeira parte, com uma ligeira quebra nos derradeiros minutos que iria acentuar-se no início do segundo tempo. A França regressou dos balneários um pouco melhor, com as suas “estrelas” a aparecerem mais no jogo. Mbappé teve duas ou três arrancadas que causaram problemas, Griezmann e Pogba subiram mais no terreno a povoaram o seu meio-campo ofensivo de uma forma que não tinham feito no primeiro tempo.

Mas não foi propriamente uma avalanche ofensiva do campeão do mundo. Depois de uma jogada muito perigosa de Mbappé logo aos 47’, em que tirou Danilo do caminho, e rematou para uma boa defesa de Rui Patrício, Portugal até respondeu bem aos 50’, num cruzamento de Raphael Guerreiro a que Ronaldo não conseguiu responder da melhor forma – conseguiu chegar lá com o pé, mas não de forma a conseguir rematar.

No banco da França, Didier Deschamps foi lançando pernas frescas para o ataque, os velocistas Coman e Martial (foram as únicas substituições que fez), Fernando Santos foi refrescando a equipa do meio-campo para a frente (Jota, Sanches, Moutinho e Trincão). Pepe ainda meteu a bola na baliza, depois de um livre do lado esquerdo, mas em fora-de-jogo. E, depois disto, o jogo foi-se encaminhando para aquela fase em que ninguém arrisca demasiado porque um ponto é sempre melhor do que zero.

Durante largos minutos parecia quase haver um acordo entre as duas selecções para que o jogo acabasse em empate. Foi, de facto, como acabou, mas esteve quase a não ser assim. Numa jogada de contra-ataque, Portugal conseguiu ter uma situação de igualdade numérica e Trincão teve uma janela de oportunidade para rematar. Não o fez, a defesa francesa recompôs-se, mas foi Ronaldo que desferiu o último tiro. A bola desviou num defesa francês e quase ficou fora do alcance de Lloris, que apenas a desviou com a ponta dos dedos.

Quatro anos depois de ter saído lesionado e em lágrimas daquele mesmo relvado, Ronaldo esteve quase a ser o herói no Stade de France. Faltou-lhe o quase – e talvez um prolongamento.

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