PS adia decisão sobre presidenciais para 31 de Outubro
Data anterior, 24 de Outubro, coincidia com o dia de reflexão nas eleições regionais dos Açores.
O PS vai adiar uma semana a reunião da comissão nacional em que será debatida a questão das presidenciais e do candidato a apoiar pelo partido. De acordo com a TSF, que avançou a notícia, o adiamento foi decidido porque a data inicial - 24 de Outubro - coincidia com o dia de reflexão nas eleições regionais dos Açores, marcadas para 25. Os socialistas assumirão, assim, uma posição sobre a corrida a Belém uma semana depois do previsto, a 31 de Outubro.
As pressões para que o PS tomasse uma decisão sobre que candidatura apoiar nas presidenciais de Janeiro de 2021 começaram quando a socialista Ana Gomes se apresentou como candidata. Nessa altura, além da própria ex-eurodeputada, Manuel Alegre lamentou o silêncio do PS e considerou que a natureza do regime semipresidencialista estava a ser desvalorizada. “Não se pode desvalorizar assim o regime semipresidencialista. Os patronos deste regime, como Salgado Zenha, Mário Soares, Sottomayor Cardia e José Luís Nunes, só para falar de alguns dos que já não estão entre nós, não ficariam de certeza muito satisfeitos com isto”, afirmou.
A verdade é que o tema suscita as mais distintas opiniões no interior do partido e do próprio Governo. Recentemente, o secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro, recusou comentar o avanço de Ana Gomes, defendendo que uma candidatura presidencial “é, em primeiro lugar, um acto de responsabilidade individual, de responsabilidade pessoal, daquelas e daqueles cidadãos que se querem habilitar ao desempenho dessa função”. Já sobre Marcelo Rebelo de Sousa, rejeitou reduzi-lo à categoria de candidato de direita - é uma “terminologia simplista” - e disse que o perfil presidencial é mais relevante do que a sua cor política.
No podcast do PS Política com Palavra, Carneiro preferiu elogiar o sentido de Estado do actual Presidente da República e “a boa cooperação institucional, tanto no plano da política interna como da política externa” que se verificou ser “essencial para virar a página da austeridade e para garantir a estabilidade do sistema político português”.
Já Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu que Ana Gomes “é uma boa candidata”, mas coisa diferente é saber se deve ter o apoio do PS. “Se Ana Gomes é uma boa candidata? Sim, enriquece o debate democrático. Se é uma boa candidata para ter o apoio do Partido Socialista? Na minha opinião, não”, disse Santos Silva em entrevista à TVI.
A posição do ministro teve resposta dentro do executivo. Pedro Nuno Santos fez saber que “quem decide quem o PS apoia são os órgãos do partido” e que “as pessoas não servem para o PS para fazerem umas coisas de vez em quando, para serem candidatas, para serem eurodeputadas, para serem candidatas à câmara municipal, para serem membros do secretariado nacional e depois de um momento para o outro passarem a ser vilipendiadas porque não lhes dá jeito.” O ministro das Infra-estruturas ainda não disse quem apoiará nas presidenciais.