No Everton, James Rodríguez voltou a ser feliz

Equipa de Ancelotti goleou o Brighton por 4-2 e já alcançou o seu melhor registo de sempre na Premier League.

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LUSA/Jan Kruger / POOL

Com nove títulos, o Everton é ainda o quarto clube com maior palmarés na Liga inglesa, apenas superado por Manchester United (20), Liverpool (19) e Arsenal (13). Mas o último sucesso aconteceu há 33 anos, ainda antes da era Premier League. Depois do sabor amargo deixado pelo triunfo do rival de Liverpool na última temporada, os “blues” estão empenhados em regressar ao topo. Para já, comandam a classificação com um arranque histórico, somando apenas vitórias. Neste sábado, a vítima foi o Brighton, derrotado por 4-2.

Foi duas semanas antes de o FC Porto se sagrar campeão europeu pela primeira vez, em Viena, na Áustria, que o Everton conquistou o nono e último campeonato do seu historial. Em Inglaterra, ainda se digeria a tragédia do estádio de Heysel, na Bélgica, dois anos antes, provocada por hooligans do Liverpool antes da final da Liga dos Campeões, frente à Juventus. O desastre provocou 39 mortos e um número indeterminado de feridos e levou à suspensão das equipas inglesas de todas as provas da UEFA durante cinco anos.

Nesse mesmo ano, poucas semanas depois da festa do Everton, nascia na cidade de Rosário, na Argentina, uma criança que iria marcar para sempre o futebol, chamada Lionel Messi. E, ali ao lado, o Brasil festejaria o terceiro e último título de Nélson Piquet na Fórmula 1, já com a sombra do sucessor Ayrton de Senna no horizonte.

De então para cá, a única (fraca) consolação dos adeptos “blues”, foi o longo jejum de títulos na principal competição inglesa que atravessou igualmente o Liverpool, com quem dividem os adeptos da cidade. Um jejum que terminou na última temporada com estilo, com o Everton a voltar a desiludir os seus apoiantes, com um humilde 12.º lugar.

A época começara com muita expectativa e com o português Marco Silva aos comandos, mas os maus resultados precipitaram a sua substituição pelo experiente Carlo Ancelotti, pouco antes do Natal.

Nesta temporada, acossado pelo sucesso do vizinho, o maior accionista do clube, o investidor britânico-iraniano Farhad Moshiri quer mais. Para já, um dos grandes feitos do Everton neste mercado de transferências foi ter convencido o colombiano James Rodríguez a prosseguir em Goodison Park a carreira, que estava estagnada no Real Madrid.

O avançado chegou a custo zero, depois de a imprensa ter especulado numa transferência na ordem dos 25 milhões de euros. E a boa notícia é que está empenhado em voltar aos bons momentos. Neste sábado, apontou dois dos golos da sua equipa e soma três em quatro partidas na Premier League.

O atacante, de 29 anos, chegou à Europa pela mão do FC Porto, proveniente do Banfield da Argentina, na época 2010-11. As suas exibições em Portugal abriram o apetite do Mónaco, que desembolsou 45 milhões para o contratar no Verão de 2013, tendo seguido para o principado com o também “dragão” João Moutinho.

Protagonista da Colômbia no Mundial de 2014, no Brasil, James fez o Real Madrid perder a cabeça e oferecer 75 milhões de euros aos monegascos. Na capital espanhola começou bem, mas não foi tão feliz como desejaria, acabando emprestado ao Bayern Munique, antes de regressar à equipa de Zidane na última época. Depois de 14 jogos e um golo apontado, o sul-americano terá convencido o Real a libertá-lo sem custos.

Para tal, valeu a influência de Carlo Ancelotti, apreciador das qualidades de James. Treinava o gigante de Madrid quando o médio/atacante foi contratado (e ocupava o banco do Bayern, quando o colombiano para lá seguiu por empréstimo, em 2017-18). Viveu, de resto, com o técnico italiano o seu melhor período na equipa espanhola, numa altura em que tinha como colega Cristiano Ronaldo. Nesse primeiro ano (2014-15), assinou 17 golos em 46 partidas. A melhor época da sua carreira.

Ancelotti quer recuperar agora o brilho do sul-americano, sem a pressão dos últimos anos. A mudança fez mesmo bem ao avançado que, no último mês, foi nomeado o melhor jogador da Premier League.

“Como todos sabem, joguei pouco no ano passado, por isso falei com o Carlo e acho que é bom para mim poder jogar de novo”, disse James à chegada a Liverpool. “Também vejo um clube com fãs e paixão. Quando falei com ele [Ancelotti], disse que sim. Não foi: ‘Bem, vou pensar sobre isso e depois digo.’ Disse que sim imediatamente. Foi a coisa certa para mim.” O tempo está a dar-lhe razão.

No ataque do Everton, James tem também inspirado o jovem Calvert-Lewin, de 23 anos. O ponta-de-lança inglês também marcou neste sábado e soma nove golos em seis partidas.

Com quatro vitórias nas quatro primeiras rondas do campeonato, este já foi o melhor início de temporada do Everton na Premier League. Mas com sete triunfos em todas as competições, tendo apontado 24 golos e sofrido oito, o registo histórico ainda se destaca mais.

Na próxima jornada, o conjunto de Ancelotti irá receber o vizinho Liverpool e depois logo se verá até onde podem ir as ambições. 

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