A cantora Pablo Vittar e a rapper Gloria Groove, duas das drag queens brasileiras mais conhecidas, serão o destaque de duas capas distintas da Vogue Brasil intituladas “Eleganza Extravaganza”. A revista chega às bancas a partir de 9 de Outubro.
“Eu quero, eu posso, eu consigo. Sempre soube que ia chegar onde estou”, declarou Vittar em entrevista à revista. “Não é errado amares-te, cuidares de ti. As pessoas têm de aprender a respeitar-te como és.” Em 2018, Pablo Vittar tornou-se na primeira drag queen a ser nomeada para os Grammys latinos com a música Sua Cara.
A rapper Glória Groover, autora de canções como Coisa Boa e Gloriosa, referiu na entrevista que pesquisou as capas mais icónicas da Vogue, apercebendo-se de que tinha chegado a sua vez. “Estou a viver um sonho e fico emocionada com o convite, porque estar aqui faz das drag queens ícones de moda.”
Nos últimos anos, a comunidade LGBT tem vencido algumas lutas pelos seus direitos no Brasil: em 2018, a aprovação de uma lei passou a permitir a alteração do nome e do género nos documentos de identificação de pessoas transgénero sem ser necessária cirurgia de mudança de sexo; e em 2019, o Supremo Tribunal Federal criminalizou a homofobia e a transfobia.
Contudo, em termos políticos e sociais, as pessoas que se identifiquem com as letras da sigla LGBT enfrentam ainda muitos estigmas, começando pelo próprio presidente do Brasil. Jair Bolsonaro tem condenado publicamente a “ideologia de género” — termo que rejeita os ideais relacionados com a sexualidade e a identidade de género.
Vittar tem sido uma forte defensora dos direitos LGBT e crítica das palavras e políticas de Bolsonaro. O destaque agora dado às drag queens pela Vogue Brasil foi bem recebido pela comunidade, assim como pela oposição política ao presidente.
“Que orgulho! Que continuemos a ocupar cada vez mais lugares”, escreveu David Miranda, um congressista brasileiro homossexual, no seu Instagram. “Viva a tudo o que nós somos e representamos!”
Esta não é a primeira vez que uma drag queen é capa da Vogue Brasil. Uyra Sodoma foi uma de quatro activistas incluídas na edição deste mês de Setembro.