Ex-director da Elite Models na Europa investigado por violação e agressão sexual a modelos
Há denúncias vindas de uma ex-jornalista e de três ex-modelos, uma delas menor aquando dos alegados crimes.
As autoridades francesas estão a investigar Gerald Marie, antigo director na Europa da agência de modelos Elite Models — uma das maiores agências do mundo, presente em cinco continentes e também em Portugal — por suspeitas de violação e agressão sexual, inclusivamente de uma menor. De acordo com a Procuradoria-Geral da República francesa, a investigação ao ex-marido da supermodelo Linda Evangelista parte de denúncias feitas por uma ex-jornalista da BBC e alegações de abuso vinda de três ex-modelos. Nelas são descritas “violações e agressões sexuais, assim como violações e agressões sexuais a uma menor”, esclarece-se. Uma unidade especial de protecção de menores está destacada para seguir as investigações.
Os casos detalhados nas queixas-crime remontam ao período entre 1980 e 1988. Isso significa que por já terem prescrito, os alegados crimes podem nunca chegar aos tribunais.
Uma das denunciantes é Lisa Brinkworth, ex-jornalista da BBC que acusa o ex-director da agência de modelos, hoje com 70 anos, de a agredir sexualmente numa discoteca em 1998. Brinkworth estava então a trabalhar como infiltrada na Elite Models para produzir um documentário sobre assédio sexual dirigido às modelos, muitas delas menores.
As suas alegações nunca vieram a público, apesar de a ex-jornalista declarar ter ficado traumatizada, devido a um acordo assinado entre a BBC e a Elite Models depois de um processo de difamação contra a estação de televisão britânica em 2001 e que impediu a profissional de falar sobre o caso.
As queixas também surgem por parte de outras três mulheres: Carré Sutton acusa o ex-director da agência de “inúmeras” violações em 1986, quando a modelo tinha 17 anos; Ebba Karlsson terá sido agredida sexualmente quando tinha 20 ou 21 anos; e Jill Dodd afirma ter sido abusada aos 19 anos, em 1980. Também estes crimes podem ter prescrito.
Em reacção, Gerald Marie negou “categoricamente” as acusações ao The Sunday Times. Já a advogada de Brinkworth saudou a decisão das autoridades francesas: “Esta investigação, espero eu, vai dar coragem a outras pessoas para o denunciarem”. “Este é um primeiro passo encorajador para o alívio das vítimas”, acrescentou, segundo a AFP, citada pelo The Guardian.