Governos de Espanha e de Madrid falham acordo sobre resposta à covid-19 na capital

Reunião entre ministro da Saúde e representantes do governo autonómico não teve fumo branco. Sánchez quer medidas “mais contundentes” para travar contágio em Madrid, mas o executivo local considera que o seu plano é adequado.

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Hospital de Vallecas, um dos bairros operários de Madrid DIOGO VENTURA

A reunião desta segunda-feira entre o ministro da Saúde de Espanha, Salvador Illa, e o conselheiro da Comunidade de Madrid para a Saúde, Enrique Ruiz Escudero, sobre o plano do governo autonómico para conter a a propagação do coronavírus na capital espanhola, terminou sem acordo.

O ministro do executivo de Pedro Sánchez (PSOE) insistiu com Escudero sobre a urgência em tomar medidas restritivas “mais contundentes” em Madrid, mas o conselheiro respondeu-lhe que o plano implementado pelo governo de Isabel Díaz Ayuso (PP) é adequado às circunstâncias. 

O governo autonómico impôs restrições de mobilidade e medidas de confinamento extraordinárias em 45 áreas de Madrid, onde o vírus apresenta maior incidência. E justificou a razoabilidade do seu plano com a redução, em 66%, do número de entradas nos hospitais, na primeira semana de implementação dessas restrições.

Mas o Palácio da Moncloa (sede do Governo) quer que as restrições sejam expandidas para todos os municípios que superem os 500 infectados por cada 100 mil habitantes.

Em conferência de imprensa, depois da reunião, Illa afirmou que a situação “não está controlada”. E apelou directamente à presidente do governo autonómico, para que “siga as recomendações” do Governo.

“Os dados dizem-nos que em Madrid há uma transmissão comunitária e que a pandemia não está a controlada. Temos de actuar com determinação. Pedimos à presidente da Comunidade de Madrid que se deixe ajudar”, afirmou o ministro, que evitou falar numa intervenção do poder central, mas que assumiu que se “podem tomar mais medidas”.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, Espanha registou 31.785 novos casos de infecção por covid-19 desde sexta-feira. Desses novos casos, 13.449 foram em Madrid. “É o maior número desta segunda vaga”, sublinhou Illa.

O encontro bilateral desta segunda-feira foi o primeiro entre as partes desde a polémica da passada sexta-feira, quando representantes dos dois poderes políticos participavam em conferências de imprensa distintas, e Illa tornava públicas as divergências entre as recomendações do seu ministério e os planos de Isabel Ayuso.

A Comunidade de Madrid é governada por PP e Cidadãos, em coligação, que contam ainda com o apoio do Vox.

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