Curiosos descobrem nova galeria nas antigas minas do Fojo

Galeria subterrânea de drenagem de águas tem vindo a suscitar grande interesse. Câmara municipal quer aferir se a estrutura oferece condições de segurança. Até lá, desaconselha a travessia.

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O local não tardou a ganhar fama entre os mais aventureiros. Assim que as fotografias começaram a ser partilhadas nas redes sociais, o túnel de encanamento do ribeiro do Fojo, em Castelo de Paiva, não parou de suscitar interesse. Movidos pela excitação de percorrer uma galeria escura, com cerca de 500 metros de extensão, são já umas boas dezenas os fãs daquela nova atracção da área das antigas minas do Fojo. A câmara municipal quer averiguar em que estado está a estrutura, aconselhando precaução aos que se vão aventurando no local.

As “romarias” ocorrem, normalmente, ao fim-de-semana e algumas delas até estão devidamente divulgadas na Internet. Na manhã em que o PÚBLICO por lá andou, a chuva intensa parecia ter afastado os aventureiros do local, mas quem conhece bem a zona confirma o interesse que se tem gerado à volta daquela galeria. É o caso de Hugo Rodrigues, que, apesar de ainda não ter percorrido a conduta na sua totalidade, acredita que já “perto de uma centena de pessoas” o tenham feito.

A Câmara Municipal de Castelo de Paiva está a par da situação e desaconselha os cidadãos a fazerem aquela travessia. “Primeiro, e para bem de todos, é preciso perceber se aquele trajecto reúne as condições de segurança”, adverte o vereador da Cultura José Manuel Carvalho. Atendendo à impossibilidade de vedar o local, uma vez que se trata de um canal para a drenagem de águas, a câmara e a junta de freguesia ponderam colocar ali alguma sinalização a alertar para o eventual perigo.

Em paralelo, a edilidade pretende desenvolver esforços, em conjunto com a junta de freguesia e a Agência Portuguesa do Ambiente, para averiguar o estado em que se encontra a conduta e eventualmente vir a promover a sua visitação. “Queremos envolver uma universidade que nos possa ajudar a perceber se ali existem condições de segurança”, anuncia o autarca. “Não queremos retirar o interesse em torno daquele local, tanto mais porque o contexto histórico até é importante, mas temos de ter a segurança garantida”, reforça.

Armando Faria, presidente da ARCAF (Associação Recreativa, Cultural, Patrimonial e Ambiental de Folgoso), também se mostra preocupado com o risco que os aventureiros podem estar a correr naquela galeria. Isto quando, segundo faz questão de realçar, até há tanta história e património para conhecer à superfície, através do percurso pedestre Caminhos do Pejão, recentemente inaugurado. O trilho resultou de um projecto da ADEP (Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Castelo de Paiva), em parceria com a ARCAF e outras entidades, com o objectivo de dar a conhecer o património mineiro do Pejão.

Edificado deverá ser recuperado

A Câmara Municipal de Castelo de Paiva tem planos para aquela zona, recuperando o edificado que sobreviveu ao passar dos anos – o cavalete do Fojo foi desactivado em 1968 – e dando-lhe nova vida. Uma intervenção que, segundo avança José Manuel Carvalho, insere-se numa estratégia de “valorização do legado do Couto Mineiro do Pejão”, que foi encerrado em 1994. Além do Cavalete do Fojo, a autarquia perspectiva recuperar “o Poço de Germunde 1, um edifício bem interessante que era um poço de extracção, e as casas da malta, local onde viviam os mineiros”.

No caso concreto do Cavalete do Fojo, a câmara municipal estima avançar com uma candidatura a fundos comunitários. Nesse âmbito, foi já deliberado, pelo executivo camarário, o interesse municipal naquele local  – a votação em sede de assembleia municipal decorre no próximo sábado. A ideia passa por recuperar o edificado “sem retirar as características daquilo que era a exploração mineira”, mas “dotá-lo de condições de segurança e de salubridade e, a partir daí, desenvolver uma estrutura que terá que envolver a comunidade”, destaca o vereador. A autarquia conta, assim, chamar ao processo a ADEP e a ARCAF, para criar naquele espaço “um local de excelência para contar a história das minas” e reunir o acervo fotográfico e documental disponível.

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