O que vai acontecer às associações de estudantes? A AElead quer ajudar os “futuros líderes”

O movimento Transformers criou uma possível solução para que as associações de estudantes possam manter o trabalho em pandemia, através da AElead. Esta plataforma online dirige-se aos “futuros líderes” do país e procura oferecer as ferramentas necessárias para construir e manter uma associação de estudantes.

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PAULO PIMENTA

Do conjunto de transformações precipitadas pela pandemia de covid-19, a situação das escolas, no ano lectivo 2020-2021, que agora arranca, é uma das mais debatidas. “O que acontecerá às associações de estudantes (AE)?” é a questão colocada pelo movimento Transformers. Como tentativa de resposta a esta incerteza, criaram a plataforma AElead para apoiar os estudantes do ensino básico e secundário a criar e manter uma associação. 

Uma das intenções, expressa em comunicado de imprensa, é “incentivar o associativismo juvenil nas escolas portuguesas”. Para Inês Alexandre, directora executiva do movimento Transformers, o associativismo permite aos jovens passar por diversos departamentos como o marketing, a gestão e a comunicação. “Estas competências ajudam os alunos a perceberem o posicionamento que pretendem ter no mercado de trabalho”, explica. 

A AElead nasce, então, da reinvenção da ideologia do movimento. Antes, o mesmo dirigia-se a crianças e jovens em risco de exclusão social e de abandono escolar. Agora, depois de estabelecerem o envolvimento das pessoas na sociedade civil como objectivo a alcançar, procuram abranger todos os estudantes que desejem ser líderes nas comunidades a que pertencem. A decisão de expandir o programa às AE partiu da ideia de que é nas associações que os estudantes são confrontados, pela primeira vez, com um contexto de liderança. Neste sentido, a plataforma procura ajudar a criar parcerias, angariar patrocinadores e adquirir conhecimentos sobre legislação ou gestão de sites e redes sociais. 

No conjunto de actividades criadas pela organização encontram-se três fases: a inspiração (com o roadshow e uma hackathon), a capacitação (com um bootcamp, workshops e sessões de mentoria) e a celebração (com o encontro nacional de associações AElead e o festival TNT). Por etapas, os estudantes vão primeiro ficar a conhecer o projecto com os roadshows. Mais tarde, as associações que a organização escolher vão ser desenvolvidas e acompanhadas por mentores e workshops

Como num jogo, os estudantes vão poder partilhar com as restantes associações as actividades e o impacto que estas têm na comunidade escolar respectiva. Assim, recebem pontos e, com eles, desbloqueiam novas missões que permitem trabalhar determinadas competências. A participação neste projecto aproxima os dirigentes das associações de possíveis parceiros. “O objectivo é pô-los a trabalhar em rede”, declara Inês Alexandre, para quem é necessário “mostrar que a questão do networking é uma competência do futuro”. 

O movimento Transformers surge com a ambição de aumentar os índices de desenvolvimento cívico e social das pessoas nas comunidades. Neste momento, trabalham em três frentes: as Escolas de Superpoderes, a AElead e a The Academy — escola de participação cívica e social. O projecto-piloto da AElead, aplicado no ano lectivo de 2019-2020 e financiado pela Câmara Municipal de Cascais, “correu muito bem”, realça Inês Alexandre. Na altura, a plataforma ainda não existia, mas os resultados foram positivos: 68,7% dos participantes sentiu que se identificava mais com a escola e 63,2% melhorou a auto-estima. 

Texto editado por Ana Maria Henriques

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