População de Alenquer volta a manifestar-se contra factura da água

O movimento considera que a concessionária “não traz vantagens para o concelho”, antes pelo contrário, tem “a quarta factura da água mais cara do país”.

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RG RUI GAUDENCIO

A população de Alenquer vai caminhar neste sábado entre o Carregado e Alenquer para afixar a factura da água nas instalações da empresa concessionária e da Câmara, em protesto contra o preço da água e o serviço prestado.

O movimento de cidadãos intitulado Alenquer Água justa está a mobilizar a população para se concentrar, pelas 08h30 de sábado, junto ao Centro de Saúde do Carregado e caminhar até às instalações da empresa Águas de Alenquer e dos Paços do Concelho, para afixar as facturas da água, refere um comunicado divulgado nesta sexta-feira.

A iniciativa tem como objectivo protestar contra o preço da água e qualidade do serviço, pedindo o fim da concessão à empresa privada Águas de Alenquer.

Já há um ano, o movimento entregou um abaixo-assinado subscrito por mais de cinco mil pessoas na Assembleia Municipal, no mesmo sentido, por considerar que aquela empresa “não traz vantagens para o concelho”, antes pelo contrário, ao ter “a quarta factura da água mais cara do país”.

Passado um ano, alerta o movimento, não só nada aconteceu, como também a concessionária veio, em Dezembro, pedir uma indemnização de 3,6 milhões de euros para um novo pedido de reequilíbrio da concessão, que poderia passar por um aumento de 52,9% do preço da água junto dos consumidores.

Desde há quatro anos, o município tem recusado aumentar as tarifas e aceitar os sucessivos pedidos de reequilíbrio da concessão, nas negociações que continua a manter com a empresa.

A Águas de Alenquer alega que facturou menos 5,1 milhões de euros nos últimos oito anos e menos 23,8% em 2018 do que era previsível no contrato, o que daria lugar ao pedido de reequilíbrio económico-financeiro da concessão. Além disso, teve custos extraordinários no tratamento do calcário.

Ao valor, acresce ainda uma dívida por pagar de 383 mil euros, acrescida de 207 mil euros de juros, devida a compensação acordada por atraso na entrada em operação de infra-estruturas de fornecimento de água “em alta”.

No valor da indemnização, foi incluída uma redução média de tarifas de 6,35% em resultado da fusão de empresas de fornecimento de água em alta e de poupanças alcançadas na tarifa a pagar pelos municípios.

Já o município avançou com um estudo, a pedido da Assembleia Municipal, para calcular o valor da indemnização a pagar pela reversão da concessão, que a empresa calcula em 60 milhões de euros, assim como dos investimentos a fazer na rede.

Só depois de o estudo estar concluído é que o município pretende tomar uma decisão definitiva sobre a forma como avançar com compensação pelo reequilíbrio económico-financeiro da concessão.

Há um ano, a Assembleia Municipal aprovou por unanimidade recomendações feitas à câmara pela comissão municipal de Ambiente, Mobilidade, Ordenamento do Território e Urbanismo, entre as quais está a de rejeitar qualquer proposta de aumento das tarifas e reduzir a taxa de rentabilidade da concessionária.

O presidente da câmara, Pedro Folgado, disse à Lusa que já foi iniciada uma obra de melhoria da rede na Merceana e que, em 2021, vai avançar com um plano de reabilitação da rede de abastecimento e saneamento em todo o concelho.