Trump não fecha o Stars and Stripes e nega ter chamado “derrotados” aos soldados caídos na I Guerra Mundial

Decisão surge após trabalho da Atlantic a explicar por que razão o Presidente não visitou um cemitério de soldados americanos em 2018.

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Donald Trump EPA

Após protestos de congressistas, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou na decisão de encerrar o jornal do aparelho militar, o Stars and Stripes, como tinha sido anunciado pelo Pentágono no início do ano.

 "No meu mandato, os Estados Unidos da América NÃO vão cortar o financiamento à revista @starsandstripes”, escreveu no Twitter Trump, que está em campanha para a reeleição nas eleições presidenciais de Novembro. “A revista vai continuar a ser uma maravilhosa fonte de informação sobre os nossos Grandes Militares”.

O tweet de Trump surgiu um dia depois de a revista The Atlantic ter publicado um trabalho a recuperar a polémica da não ida do Presidente dos Estados Unidos a um cemitério americano da I Guerra Mundial em França durante as cerimónias a marcar os cem anos do Armistício, em 2018. Trump decidiu abruptamente, segundo os relatos na altura, cancelar a visita, enviando em seu lugar o general John Kelly que o acompanhou a Paris e que era seu chefe de gabinete.

A revista cita fontes não identificadas a dizerem que Trump argumentou que não ia visitar um lugar de “derrotados” - Trump negou veementemente e de imediato o trabalho da Atlantic.

A agência Associated Press confirmou o relato da The Atlantic, que diz “quatro pessoas escutaram a conversa”, mas não dá nenhum nome. “Por que razão devo ir a esse cemitério? Está cheio de derrotados”, disse o Presidente, de acordo com a revista.

“Que animal diria uma coisa dessas”, reagiu Trump, irado, a bordo do avião presidencial, segundo a Associated Press. “Se há mesmo pessoas que dizem que eu disse isso, são escória humana e mentirosos. Estou disposto a jurar sobre o que quer que seja que nunca fiz esse comentário sobre os nossos heróis caídos”. O Presidente disse que as acusações são “um embuste”. “E vão ouvir mais acusações destas à medida que nos aproximamos das eleições”.

Os militares são uma fatia importante do eleitorado para Trump que, a 3 de Novembro enfrenta nas urnas o democrata Joe Biden.

Biden reagiu com cautela à polémica: “Se é verdade, o Presidente devia pedir humildemente desculpa. Quem é que ele pensa que é?” Mas um vídeo divulgado pela sua campanha é mais incisivo: “Se não respeita as nossas tropas, não deve chefiá-las”.

Com a polémica instalada – e com a imprensa americana a citar fontes, anónimas, que confirmam partes da conversa de Paris, por um lado, e a Casa Branca a desmentir as acusações por outro, há quem defenda que John Kelly, que saiu a mal da Casa Branca, pode ser o único que tem a chave para se saber se Trump destratou ou não os militares. E incentivam-no a falar, o quanto antes – as eleições são dentro de dois meses.

Por entre a polémica, Trump decidiu reverter a decisão, não tomada por ele, de acabar com o jornal dos militares.

No início desta semana, mais de uma dezena de congressistas democratas escreveram uma carta ao secretário da defesa, Mark Esper, pedindo-lhe para reconsiderar o encerramento do jornal, que dá notícias, em papel e online sobre as tropas americanas em todo o mundo.

Esper, que já discordou de Trump em várias matérias, defendeu a decisão de cortar os fundos ao jornal, que tem edição em papel e online, e acabar com ele neste início de Setembro. O Stars and Stripes é financiado pelo Departamento de Defesa, mas é considerado um jornal editorialmente independente.

Há uma preocupação crescente de que Trump está, neste período pré-eleitoral, a politizar o aparelho militar, que deve ser apolítico, de acordo com a Constituição.

Essas preocupações atingiram o seu pico em Agosto, quando Trump ameaçou enviar tropas nas cidades onde há protestos e motins devido à violência policial contra cidadãos negros. 

Com Reuters

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