Não há “risco zero”, mas as escolas estão preparadas para reabrir

A garantia é dada por Filinto Lima e Jorge Ascenção, representantes dos directores de escolas e das associações de pais. O secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, destaca o conhecimento adquirido desde o início da pandemia.

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“As escolas públicas portuguesas podiam abrir as suas portas na próxima semana", destaca Filinto Lima Adriano Miranda

O início do ano lectivo está à porta e os vários representantes da área da educação têm uma certeza: apesar de não haver “risco zero” devido à pandemia de covid-19, as escolas estão preparadas para voltar ao ensino presencial.

Esta é a ideia que sobressai do debate online sobre o ano lectivo que se avizinha, organizado pela plataforma docente #SomosSolução e que contou com a participação do secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa; Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas; Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais; e Luís Fernandes, director do Centro de Formação da Póvoa de Varzim e Vila do Conde.

O secretário de Estado João Costa destaca que, este ano, as escolas prepararam “três anos lectivos”: o ensino presencial, que irá regressar a partir de dia 14, mas também os regimes misto e não presencial, caso seja necessário mudar. “É um trabalho incrível que tem vindo a ser feito pelas escolas. Tudo está preparado para que tudo corra bem”, salientou.

“Vamos entrar num ano em que temos um conhecimento acumulado desde Março. Não tínhamos tanto conhecimento sobre a pandemia como temos hoje”, referiu o secretário de Estado. Além disso, há também informação “sobre aquilo que correu bem, menos bem e mal durante o terceiro período que atravessámos”. “A vantagem que temos agora em relação a Março é que temos uma série de comportamentos mais rotinados, mesmo entre crianças e jovens”, apontou João Costa.

“Tanto na escola como noutros espaços estamos sujeitos a contaminações. A evidência que temos a nível europeu é que as escolas são espaços seguros. Implica estarmos atentos, vigilantes e a cumprir as regras de higiene e uso de máscara”, disse o secretário de Estado.

Para Filinto Lima, os resultados do inquérito promovido pela plataforma #SomosSolução reflectem “algum receio dos professores”, mas o representante dos directores de escolas está confiante. “As escolas públicas portuguesas podiam abrir as suas portas na próxima semana. Estamos preparados”, garantiu.

Filinto Lima enumerou várias medidas que garantem essa preparação, como o facto de as escolas terem mais professores, mais funcionários, um horário de funcionamento alargado ou salas de aula para uma só turma. “As escolas estão adaptadas para o novo ano”, assegurou. Ainda assim, “não há risco zero para ninguém”.

No mesmo sentido, Jorge Ascenção considera que as escolas são “o espaço público e privado onde os nossos filhos mais seguros estarão”, mas avisa que “não vai correr tudo bem” porque “a escola vive nas comunidades”. “O que importa é que quando as situações apareçam estejamos preparados para responder. Neste momento temos mais conhecimento e há também mais cooperação”, salientou o representante das associações de pais.

Necessidades do sistema educativo tornaram-se “mais evidentes”

Numa espécie de balanço das alterações que tiveram de ser implementadas na educação nos últimos meses, que o secretário de Estado Adjunto e da Educação ainda considera “cedo” para fazer, João Costa referiu que a pandemia “não trouxe grandes novidades em termos de necessidades do sistema educativo”, mas “tornou-as mais evidentes, mais visíveis”.

“Percebeu-se como a dimensão relacional é fundamental para se conseguir aprender. Percebemos as desigualdades que já marcavam o nosso sistema educativo e que se aceleraram por efeito da pandemia. Entendeu-se que a escola tem uma função de protecção social importantíssima”, exemplificou. “Nada disto é novo, mas tornou-se mais evidente.”

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