Lux Frágil “entreabre” para dançar (sentado) na cara da pandemia

Discoteca ensaia regresso à actividade com lotação limitada, distanciamento físico, máscaras protectoras e lugares sentados. Até quando durará a retoma? “Ninguém sabe. É aproveitar enquanto dura”, diz a direcção.

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A Lux numa sessão da iniciativa Life Changing pré-coronavírus Lux Frágil

“Chegou a altura de reverter a introversão do Lux e de transformar o ‘novo normal’ no novo urgente.” Foi com este mote que o Lux Frágil anunciou, no site e nas redes sociais, a sua reabertura, marcada para esta sexta-feira. Seis meses depois de um confinamento que inviabilizou o encontro dos corpos na pista de dança, a direcção está pronta para destrancar as portas e voltar a ligar as colunas, mas, preciosismo ou não, prefere o termo “entreabertura”: é que este será um regresso responsável, forçosamente adaptado aos desafios e constrangimentos impostos pela pandemia. A lotação será limitada, o distanciamento terá de ser respeitado, a mascará não saltará do rosto e os ravers não sairão dos lugares sentados. Mas o espaço acredita que, depois do penso rápido que foi o streaming, o momento da retoma não mais pode ser adiado. Até quando ela sobreviverá? “Ninguém sabe. É aproveitar enquanto dura”, atira a discoteca.

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Imagem publicada nas redes sociais do Lux para anunciar a "entreabertura" Lux Frágil

“Há meio ano que a pista do Lux está às escuras. Os desejos de noites mais longas, beijos com mais língua e Sol mais gentil sobre os olhos ao amanhecer foram ao ar. A ânsia de chegar o fim da semana para espantar demónios em 150 batidas por minuto dissipou-se. Há meio ano que nos é impossível esquecer o corpo. Dançar tornou-se refém de normas, protocolos e policiamento. Dançar é uma ameaça à saúde pública. O que fazer com isto se a tua essência é dançar?”, apontou no comunicado já acima citado a emblemática casa nocturna de Lisboa, que, nesta tentativa de reencontro, quererá “concretizar no escuro da pista a boca de um palco”. “Sim, vamos fazer espectáculos: concertos, performances, DJ sets, live acts, teatro, cinema, o que nos apetecer. Os palcos do Lux não serão só do Lux, serão de quem os pisar”, promete a direcção.

A retoma arranca esta sexta-feira às 17h00, no terraço do Lux, com os DJ da casa, que farão DJ sets até às 21h00. Às 21h30, no bar, ocupará o improvisado palco o tocador de cora e professor Mbye Ebrima, músico natural da Gâmbia. A apresentação terá não mais do que 45 minutos e acabará perto das 22h15, hora a que começa a tocar GPU Panic, projecto de dança e música electrónica de Guilherme Tomé Ribeiro, dos Salto. Os DJ residentes regressam às 23h00 e prolongam a contida festa até à meia-noite.

No sábado, também das 17h00 às 21h00, o terraço fica por conta da moçambicana Yen Sung. Das 21h00 às 22h00 e das 22h45 à meia-noite, olhará pelo gira-discos HNRQ, DJ lisboeta nascido em 1986. Pelo meio, das 22h00 às 22h45, há uma actuação da dupla Terra Chã.

Este fim-de-semana semi-desconfinado surge depois de, no último domingo, ter passado pelo Lux a pianista Joana Gama, num concerto d’A Boca do Lobo, um ciclo de música clássica com curadoria de Martim Sousa Tavares. A harpista e compositora espanhola Angélica Salvi (11 de Setembro), Pedro Branco (25 de Setembro) e Helena Silva (10 de Outubro) também se apresentarão ao vivo no âmbito desta iniciativa. “Mais do que de braços abertos, estamos outra vez de pernas abertas”, provoca o espaço.

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