Alterações climáticas
"Quando a Amazónia arde, tudo o que ama arde com ela"
Vídeo da Associação Articulação dos Povos Indígenas do Brasil apela à "responsabilização dos incendiários" da Amazónia, entre eles o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Num vídeo com pouco mais de um minuto, narrado por crianças, vemos parques infantis, prédios e sapatos numa loja a arder. A Associação Articulação dos Povos Indígenas do Brasil quer passar a mensagem de que os incêndios da Amazónia não são algo distante e pergunta aos cidadãos: "De que lado está: Amazónia ou Bolsonaro?". O presidente brasileiro é apontado como sendo o maior responsável pelos incêndios que voltaram a atingir a Amazónia: nos primeiros dez dias de Agosto deflagraram mais de dez mil incêndios na floresta amazónica.
"A maior floresta do mundo está em chamas de novo. E esse crime — autorizado por Bolsonaro — é patrocinado por dólares, euros e pela ganância global. Nós pedimos que toda entidade consciente e responsável se distancie de Bolsonaro. Ele não é uma piada. Pará-lo é a única esperança da floresta amazónica. A hora é agora." O apelo é da Associação Articulação dos Povos Indígenas do Brasil na nota que divulgou juntamente com o vídeo nesta quarta-feira.
Pressionado por parte de governos internacionais e órgãos de comunicação social para proteger um dos ecossistemas mais essenciais à sustentabilidade da vida na Terra, o líder brasileiro tem vindo a afirmar que o mundo está a apresentar uma falsa narrativa, à semelhança do que acontecera em 2019. No entanto, os dados de satélite revelados no início do mês de Julho pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostraram que no mês anterior se havia registado 2248 focos activos de incêndio na Amazónia, quebrando a barreira dos dois mil fogos pela primeira vez desde 2007 – um dos anos de maior destruição da floresta, em que houve 3519 incêndios só em Junho.
Os incêndios na floresta tropical brasileira são o resultado da elevada desflorestação cujo ciclo de destruição é conhecido e estudado por especialistas de todo o mundo: depois da desflorestação e de a madeira ser recolhida, as áreas são incendiadas para limpar a vegetação, e transformá-las em pasto para o gado e para serem ocupadas de forma ilegal, a chamada “grilagem”. Para a a Associação Articulação dos Povos Indígenas do Brasil é Jair Bolsonaro o maior "incendiário" da Amazónia, permitindo e incentivando a exploração económica da região, rica em recursos naturais.
No vídeo que agora lançam, apontam o dedo a Bolsonaro mas apelam ao papel que os cidadãos de todas as nações podem ter: pressionar os seus governantes a estar atentos e agir, nomeadamente garantindo que as suas empresas que investem no Brasil respeitam tanto os direitos humanos como os direitos do meio ambiente. "A Amazónia está em cada respiração sua", afirmam no vídeo.
Como maior floresta tropical do planeta, a Amazónia é fundamental para conter os efeitos das alterações climáticas, mas a comunidade científica tem alertado para a proximidade do ponto de não-retorno, a partir do qual a sua destruição poderá ser irreversível.