Europa perto do número de contágios que registou no pico da pandemia
A Europa encontra-se actualmente com 46 infectados por 100 mil habitantes, quando já esteve abaixo dos 15 por 100 mil habitantes. A situação no continente europeu não é homogénea e, por isso, não é seguro afirmar que este aumento representa uma segunda vaga da pandemia.
A directora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), Andrea Ammon, alertou, esta quarta-feira, que a Europa está perto de atingir o número de casos de covid-19 que registava no pico da pandemia, em Março, considerando a recente subida no número de registos.
“O vírus não andou a dormir durante o Verão, não tirou férias, e o que verificamos esta semana é que a taxa de notificação [de casos] na União Europeia e no Reino Unido está agora nos 46 por 100 mil habitantes”, observou Andrea Ammon.
Numa audição, por videoconferência, na comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu, em Bruxelas, a responsável observou que esta taxa “já esteve abaixo dos 15” por 100 mil habitantes, verificando-se um aumento significativo no número de infecções na Europa, mesmo considerando o aumento do número de testes feitos à covid-19.
Em relação ao aumento da testagem, considerado por Ammon o factor “mais relevante” que se alterou em relação ao contexto pandémico de Março, a directora reforça que o ECDC verificou que “houve realmente mais infecções” nos últimos dias, isto é, um aumento no total de casos positivos entre a população testada.
“Estamos a assistir a este aumento há já cinco semanas e, embora tenha sido um aumento mais lento do que o verificado em Março, estamos quase a chegar aos números de Março”, avisou Ammon.
A directora do ECDC acrescenta que “o número real de infecções é sempre superior às estatísticas oficiais”, alertou a responsável, indicando que esta situação “não é exclusiva da covid-19” por se verificar nos surtos de outras doenças.
Andrea Ammon realçou, também, que no início de Agosto “eram os mais jovens que estavam a ser mais afectados”, o que justificava e se demonstrava pelo baixo número de hospitalizações na Europa. Porém, essa situação mudou: “Agora vemos que a população mais velha está a ser mais afectada, o que é demonstrativo de um aumento nos contágios”.
A directora do ECDC afirmou, ainda, que “não existe uma imagem homogénea na UE” relativa à situação pandémica. O chefe-adjunto do programa de doenças do ECDC, Piotr Kramarz, realça que o aumento de casos das últimas semanas se concentrou sobretudo nas subidas acentuadas em países como Itália, Espanha, França e Alemanha, que foram aliás os mais afectados desde o início da pandemia na Europa.
De acordo com o cientista, não se pode afirmar que esta é já a segunda vaga do novo coronavírus na Europa: “Alguns países, provavelmente, ainda nem saíram da primeira vaga, enquanto outros tiveram uma redução do número de casos e, agora, estão a assistir a um aumento”.
Embora não negue o recente aumento real dos casos de covid-19 na Europa, Piotr Kramarz ressalvou que este aumento pode nem sempre significar o reaparecimento do vírus e estar a ser influenciado pelo incremento dos testes à doença.