Há mais duas mortes por covid-19 (ambas na região de Lisboa) e mais 362 casos de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, o que corresponde a um aumento de 0,6%. Ao todo, são 56.274 os casos confirmados de infecção em Portugal e, desses, 13.283 permanecem activos. Os números foram revelados pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) esta quarta-feira.

Há quase um mês e meio que não se registava um número tão elevado de novas infecções – a 15 de Julho foram registados 375 casos diários. Em Agosto, a barreira dos 300 casos só fora ultrapassada no dia 13, com 325 ocorrências nesse dia. 

“Os números de hoje sublinham a fragilidade daquilo que são as nossas conquistas. Temos tido uma situação epidemiológica acomodável do ponto de vista da resposta do SNS. Isso decorre de um esforço tremendo não só dos profissionais de saúde, mas também de estruturas sociais, autárquicas, Protecção Civil e sociedade civil”, realçou a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmando que é necessário, por isso, “manter comportamentos que respeitem este esforço”.

Os 362 casos das últimas 24 horas são “um número que está acima daquilo que têm sido os números dos últimos dias, o que pode significar um atraso nos registos dos últimos dias, que estavam artificialmente mais baixos do que aquilo que era a realidade”, admitiu a ministra da Saúde, justificando que esta situação estará ligada aos casos associados aos surtos. “Esperamos que sejam números que se esbatem nos próximos dias, o que só poderemos confirmar com o passar do tempo”, acrescentou.

O número de casos registados por dia tinha sido inferior a 200 nos últimos três dias, mas a tendência foi agora interrompida com 362 novas infecções – 59% das quais foram registadas na zona de Lisboa e Vale do Tejo. É na região da capital que está o maior número total de casos confirmados (29.146), mas a região Norte continua a ser aquela com mais mortes: são 846 mortes no Norte, 654 em Lisboa, 253 no Centro, 22 no Alentejo, 17 no Algarve e 15 nos Açores. O arquipélago da Madeira tem 141 casos confirmados, mas não regista qualquer óbito. 

De terça para quarta-feira, houve ainda 163 pessoas que recuperaram da infecção. O boletim epidemiológico DGS desta quarta-feira mostra também que há 311 pessoas internadas com covid-19 em todo o país (menos 14 do que no dia anterior) e 38 pessoas nas unidades de cuidados intensivos. A letalidade da covid-19 em Portugal é de 3,2%, subindo para 15,4% acima dos 70 anos, informou a ministra da Saúde. 

Há 154 surtos activos em Portugal

O país tem 154 surtos activos: 60 na região Norte, seis no Centro, 66 em Lisboa e Vale do Tejo, 10 no Alentejo e 12 no Algarve.

A taxa de incidência nos últimos sete dias em Portugal é de 15,3 novos casos por cem mil habitantes, sendo que a taxa de incidência a 14 dias é de 29,7 novos casos, já considerando a evolução nas últimas 24 horas. Quanto ao índice de transmissibilidade (Rt), Marta Temido indicou que o número actualizado se fixa em “exactamente 1” para os dias 17 a 21 de Agosto. “É um ligeiro decréscimo face àquilo que era o valor ligeiramente acima de 1 da última vez que actualizamos esta informação”, avançou a ministra da Saúde. Se o Rt for igual a 1 quer dizer que uma pessoa infectada vai dar origem a outro caso de infecção. Caso esteja acima de 1, o número de casos irá aumentar; se for inferior a 1, haverá uma diminuição das infecções.

“Isto significa que estamos, para estes dias de 17 a 21 de Agosto, com cerca de 237 novos casos por dia. Isto mostra uma trajectória decrescente que foi interrompida no início de Agosto e que está agora numa tendência constante”, adiantou. Durante este período, houve uma média de 71 novos casos na região Norte, 15 no Centro, 125 em Lisboa e Vale do Tejo, oito novos casos no Alentejo e nove no Algarve.

Sobre as situações de transmissão verificadas nos lares de idosos, Marta Temido afirmou que a maioria “tem origem no movimento de quem trabalha nestas entidades”. “A forma de contágio é decorrente de profissionais”, reconheceu a ministra, assumindo que é algo “natural”, visto que os utentes institucionalizados saem poucas vezes das estruturas.

“Por isso se tem feito uma política de testagem regular destes profissionais, com carácter aleatório, e por isso se tem insistido na necessidade de serem utilizadas todas as técnicas que sabemos” de prevenção de contágio, como a utilização de máscaras e de outros equipamentos de protecção individual. “Continuam a ser a melhor salvaguarda para prevenir este tipo de transmissão, concluiu Marta Temido.

A ministra disse ainda que foram confirmados cerca de 100 casos activos em dois lares de Santarém e Setúbal. O centro de repouso de Santarém tem 24 utentes infectados e seis funcionários, havendo utentes internados no Hospital de Santarém, alguns já com condições de saúde para regressar ao lar quando a situação normalizar. “Todos os utentes deste lar foram testados: 60 na segunda-feira.” Os 36 utentes que não estavam infectados foram transferidos para outra instituição e o lar está a ser desinfectado, esperando a ministra que, até ao final da semana, os residentes possam retornar. Sobre o surto em Setúbal, a ministra informou que há dois óbitos confirmados e 76 casos activos entre residentes e funcionários, existindo alguns utentes internados.