Regresso às aulas: vale a pena fazer perguntas

Setenta perguntas à espera da resposta de cada agente educativo. E já agora: qual será a medida do sucesso do novo ano?

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Sergio Azenha

Afinal, o que aprendemos em dois terços do ano lectivo deste ano? Quais foram as conquistas e os progressos? Que impacto tiveram no processo ensino-aprendizagem todos os ajustes feitos? Como aprendemos com os colegas sem sala de professores, onde os desabafos e conselhos aconteciam a cada intervalo? Como aferimos critérios de equidade? Quando reunimos? Como aproveitámos as quartas-feiras à tarde? Trocámos materiais? Que ajustes fizemos na avaliação? Foram os ajustes necessários ou os possíveis? Que medos tivemos? Com que angústias vivemos? Conseguimos dominar os meios informáticos e as plataformas de ensino? Tivemos consciência da invasão de privacidade recíproca? O que fizemos quanto a isso? Testemunhamos situações que são sinais de alerta?

Conseguimos criar condições para cada criança ter direito à educação? Sentimos os alunos como crianças e jovens ou apenas como alunos? Celebrámos as suas conquistas? Reunimos com os encarregados de educação? Acolhemos a presença discreta ou indiscreta dos encarregados de educação nas nossas aulas? Qual foi a nossa reacção? Como entendemos a participação dos pais nos trabalhos que propusemos? Como conseguimos perceber o que era trabalho dos pais e trabalho dos alunos? Apreciamos a evolução dos nossos alunos, ou pensamos que foram os pais que lhes faziam os trabalhos? E daqueles alunos em que veio sempre tudo num desalinho? E daqueles que nunca submeteram um trabalho na plataforma? Como interpretámos, sem critérios diferenciados e normas unificadoras, toda esta informação? Que benesses demos na avaliação final? Serão justas? Mudarão o futuro daqueles alunos?

O que deixou de fazer sentido? Quais são os caminhos que se abrem? Quais as perspectivas que conseguimos ver como possíveis? E quais as que não conseguimos ver, pois nos parecem impossíveis? Quais os caminhos que parecem ser óbvios para preparar o novo ano? O que parece ter vindo para ficar? Com o que vamos ter que trabalhar? O que vamos ter de preparar? Como se processará a planificação de cada aula? O que podemos a partir de agora chamar de ‘aula’? Como será possível manter o trabalho em equipa?

Como estamos a organizar o novo ano em modo híbrido? Como vamos fazer para não sobrecarregar as famílias se tivermos de voltar a confinar? Que cedências teremos de fazer? O que vamos ter de tomar como certo? Qual vai ser o papel dos não docentes? Como vamos recuperar as actividades de enriquecimento curricular? A escola vai apenas ter professores? De que outros profissionais vai a escola precisar? De que novos serviços vai a escola precisar? Quais os que se tornaram obsoletos?

O que distinguirá as escolas umas das outras? Como se organizarão os órgãos de gestão pedagógica e administrativa? Quais serão as regras e normas do teletrabalho e do b-learning? Como se desenvolverá a cultura de cada escola? Terão os espaços físicos de uma escola cada vez mais importância, ou pelo contrário, serão cada vez menos decisivos nas escolhas dos pais?

Como estamos a preparar o imprevisto? O que é complicado? O que é complexo? O que é impossível voltar a fazer de novo? Que opções estamos a fazer? O que estamos a privilegiar, sem perder a bússola do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória? Como aceitamos esta impreparada reforma educativa? Como vamos promover o trabalho das Equipas Multidisciplinares de Apoio à Educação Inclusiva? Quais são as oportunidades óbvias? E quais queremos não deixar passar? Qual o ponto de partida de cada um? Onde queremos chegar, como professor, como escola? É a tecnologia a base de tudo ou continua a ser um suporte à aprendizagem? Quais são os nossos objectivos?

Setenta perguntas à espera da resposta de cada agente educativo. E já agora: qual será a medida do sucesso do novo ano?

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