“Normas da DGS ignoram completamente o desporto para deficientes”

Normas para a retoma das modalidades, divulgadas pela Direcção-Geral da Saúde, não consideram qualquer modalidade adaptada, critica Comité Paralímpico.

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Paulo Pimenta

O Comité Paralímpico de Portugal (CPP) considerou esta quarta-feira que as normas divulgadas pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) para a retoma de parte da actividade desportiva “não respondem às necessidades” e ignoram o desporto para pessoas com deficiência”.

“As normas ignoram completamente o desporto para deficientes, a maioria das quais estão em grupos de risco”, afirmou o presidente do CPP, José Lourenço, à agência Lusa, lamentando que o documento divulgado na terça-feira pela DGS “não faça qualquer menção ao desporto adaptado”.

José Lourenço lembrou que as normas que agrupam as várias modalidades tendo em conta o risco de contágio do novo coronavírus não consideram qualquer modalidade adaptada, dando como exemplo o boccia, o goalball e o râguebi em cadeira de rodas, que estão sob a alçada da Federação Portuguesa para Pessoas com Deficiência.

O presidente do CPP entende também que o documento “não é nada explícito” no que se refere às modalidades que estão sob a alçada das federações de modalidade.

“O andebol ou o basquetebol em cadeira de rodas são, naturalmente, diferentes da modalidade praticada por pessoas sem deficiência”, afirma, reiterando: “Não há preocupação com o grupo de risco que é o das pessoas com deficiência.”

O líder do movimento paralímpico considerou que, além de não responderem às necessidades do desporto, as normas “colocam em causa a viabilidade do próprio desporto, porque as camadas jovens e de formação não são contempladas”.

“Admitimos que possam existir muitos atletas que vão deixar a prática desportiva e trocá-la por outras actividades”, afirmou, lembrando que “no desporto para pessoas com deficiência o recrutamento é muito difícil”.

José Lourenço alertou também para o problema dos custos dos testes à covid-19, previstos pela norma, em função do grupo de risco no qual a modalidade se encontre inserida.

“Não foram dados apoios extra e agora os clubes e associações ainda se vêem confrontados com os custos elevados, tendo em conta a cadência de testes que é expectável que se faça”, sublinhou, lembrando que o “movimento associativo é feito, na sua maioria, de gente voluntária”.

Perante o que considera ser “um documento que não responde às necessidades”, o CPP defende uma “classificação urgente da norma” e a “criação de uma linha de apoio que permita que os clubes possam assegurar os testes, sem nunca descurarem a saúde”.

A DGS actualizou na terça-feira as normas para a retoma das competições de modalidades desportivas colectivas, incluindo o râguebi e os desportos de contacto no grupo de alto risco.

A actualização das normas permite a retoma de modalidades como o futebol não profissional, andebol, futsal, basquetebol, voleibol e hóquei em patins, encarregando as federações e os clubes de avaliarem o risco de contágio de covid-19 e de “elaborar um regulamento específico para a prática desportiva, em contexto de treino e em contexto competitivo, de acordo com a estratificação de risco da modalidade”.