A carta consegue corresponder aos que preferem uns bons petiscos, sem descurar aqueles que não dispensam um prato mais formal. A decoração é, simultaneamente, requintada e descontraída, e a louça, os talheres e os guardanapos representam uma pequena amostra da marca que lhe dá nome (e também a essência). A Costa Nova agora também é uma cervejaria e está situada bem no centro da cidade de Aveiro – próximo da Praça Marquês de Pombal. Um lugar que convida à partilha e ao convívio, entre amigos ou familiares.
Aberta oficialmente ao público em Fevereiro, pouco antes de o país entrar em confinamento, a Cervejaria Costa Nova resulta de “um sonho antigo” de dois aveirenses. João Pedro Carneiro, antigo comercial e agora chef, e Miguel Casal, responsável pela marca de cerâmica Costa Nova, há já algum tempo que ambicionavam abrir um espaço gastronómico. A oportunidade acabou por surgir e culminou numa cervejaria, “que pudesse estar aberta desde o almoço até à hora de fecho”, revela João Pedro Carneiro.
As propostas da carta assentam numa cozinha “simples, mas boa”, com inúmeras opções para “picar”, um conceito ainda pouco explorado na cidade, nota o chef. Desde a tortilha (uma das principais estrelas da casa) à gamba fresca do Algarve, passando pelo pica-pau de lombinho ou as lulas fritas, não faltam propostas para petiscar e partilhar. No que toca aos pratos mais elaborados, as sugestões dividem-se entre os pratos de peixe e os de carne. Destaque para o caril de gambas, bacalhau à Cervejaria e os diversos tipos de bifes, sempre “com produtos seleccionados”, garante o chef. Exemplos? A gamba fresca vem directamente do Algarve, os filetes são feitos de pescada fresca da nossa costa e na cozinha só entram carnes DOP [Denominação de Origem Protegida].
Para finalizar, a carta propõe duas tartes, de noz e de chocolate, além da mousse de chocolate e da fruta. “A tarte de noz era a sobremesa de que eu gostava, na infância, e que fui recriando. E as pessoas gostam muito, porque não tem farinha e tem pouco açúcar”, repara. Já a tarte de chocolate não tem grandes segredos, mas não “dispensa um chocolate de qualidade para a sua confecção”, aponta.
Com ou sem sobremesa, o convite passa por saborear as iguarias da casa à mesa ou ao balcão – a casa dispõe, também, de um espaço de esplanada – e em boa companhia, dando cumprimento à filosofia da própria marca Costa Nova, a “partilha dos bons momentos à mesa”. Com uma capacidade total para 37 pessoas em mesa e 11 em balcão, neste momento, por força das condicionantes impostas pela pandemia, a casa reduziu a lotação para metade.
Take-away em louça da marca Costa Nova
Para os que preferem a continuar a “partilhar os bons momentos à mesa” a partir da sua própria casa, a Cervejaria Costa Nova dispõe de um serviço de take-away especial: alguns pratos são servidos em peças da colecção Costa Nova. É o caso do caril de gambas, da vitela de forno, das empanadas de atum e bacalhau, entre outros pratos. Importa referir que a carta de take-away apresenta ligeiras alterações em relação ao menu disponibilizado no restaurante. “Há pratos que não manteriam a mesma qualidade por não serem consumidos no imediato”, explica o chef, referindo que a opção passou por colocar alguns pratos diferentes na carta de take-away.
O serviço de refeições para fora foi lançado na altura em que o país entrou em confinamento mas a opção passou por mantê-lo depois de o espaço reabrir portas. “Àqueles clientes que nos ajudaram na altura em que estávamos fechados, não fazia sentido deixar de os servir”, explica o chef, sem esconder que, no início, foi um pouco renitente em relação à ideia do take-away.
João Pedro Carneiro assume, sem pudor, a presença da gastronomia espanhola na carta. “Os espanhóis são os reis do ‘tapeo’”, frisa, confessando que a elaboração de petiscos como a tortilha, as empanadas, os croquetes ou os ovos rotos com presunto resultam das boas memórias que guarda, desde miúdo, dos sabores do lado de lá da fronteira. “Foram petiscos que fui sempre confeccionando e achei que faziam todo o sentido numa cervejaria”, realça o chef, de 54 anos, que só há dois anos passou a dedicar-se profissionalmente à cozinha.
O gosto pela arte já o acusava há muito, levando-o a dedicar grande parte do seu tempo a pesquisar e a experimentar novas receitas. Prefere assumir-se como cozinheiro e assegura que é com prazer que passa as horas de volta do fogão e dos tachos. “É aqui que eu sinto que sou feliz, profissionalmente.”