Novo Banco vendeu GNB Vida: um esclarecimento
Esclarecimento de Paulo Vasconcelos, ex-CEO da GNB Vida, à notícia “Novo Banco vendeu GNB Vida com desconto de 70% ‘coberto’ por ajuda do Estado”, publicada a 10 de Agosto de 2020.
Exma. Sra. Cristina Ferreira,
Foi com grande surpresa que vi o seu texto de hoje [segunda-feira] no jornal PÚBLICO referindo-se e pondo em causa o meu bom nome, insinuando que terei entrado em negociatas na venda da seguradora GNB Vida, quando esta sociedade tinha como acionista o Novo Banco. Um mero contacto prévio comigo tê-la-ia evitado divulgar factos falsos e suscetíveis de tentar por em causa a minha reputação e bom nome, qualidades mais sagradas que qualquer cidadão goza em qualquer Estado que se diga de direito.
Aprecio o bom jornalismo de investigação e, na expectativa de poder ajudar no esclarecimento da verdade nesta investigação jornalística em curso, gostava de lhe deixar algumas breves notas:
1. Confirmo que fui administrador da GNB Vida de 12/2014 a 10/2019 e que exerci as funções de CEO nos anos mais recentes, de 2016 a 2019;
2. Como é do conhecimento geral, é o acionista que decide se vende ou não uma sociedade e, decidindo vendê-la, é o mesmo acionista que define as condições de venda, designadamente o preço, eventuais condições de ajustamento do preço, condições de pagamento, escolha do comprador, etc.;
3. Não é a administração e muito menos o presidente da sociedade vendida que define ou negoceia as condições de venda da sociedade da qual é mero administrador;
4. Muito menos é a administração da sociedade vendida que negoceia o contrato de venda e que assina esse mesmo contrato. A administração e a própria sociedade vendida nem sequer são parte desse contrato de compra e venda;
5. A administração da GNB Vida apenas foi informada pelo acionista único Novo Banco que a sociedade, por imposição dos reguladores, teria de ser vendida, o que veio a acontecer em 2019;
6. A administração da GNB Vida tomou conhecimento de termos finais do contrato algum tempo depois deste mesmo contrato ter sido assinado entre comprador e vendedor, no qual se previa que todos os membros dos órgãos sociais deveriam renunciar aos respetivos cargos sociais, o que de facto veio a acontecer em Outubro de 2019;
7. Renunciei ao cargo de administrador da GNB Vida em Outubro de 2019, o que também ajudará a compreender melhor o meu envolvimento na defesa da escolha do novo acionista para a GNB Vida.
Esperando ter dado algum contributo para o esclarecimento da verdade, desejo que o mais rápido possível reponha a verdade, para o bem de todos, incluindo o crédito do jornalismo de investigação. Não poderei ficar indiferente se o meu nome voltar a ser usado de forma incorreta ou associada a factos ou a realidades que não aconteceram.
Paulo Vasconcelos, ex-CEO da GNB Vida
Nota da Direcção: As referências a Paulo Ramos Vasconcelos no artigo supracitado constam da carta de denúncia enviada ao regulador europeu (ESMA), tendo o PÚBLICO reproduzido a informação que ali constava. Como referido na notícia, o PÚBLICO tentou múltiplas vezes contactar a Gama Life, mas o telefone estava em modo automático, apenas acessível a consumidores e clientes do Novo Banco, pelo que não foi possível entrar em contacto com Paulo Ramos Vasconcelos ou com a actual gestão da seguradora.