Espécies marinhas ameaçadas na costa portuguesa estão na base de um projecto de educação e sensibilização ambiental que publicará mensalmente vídeos na Internet para divulgar, proteger e preservar os valores naturais do mar português.
“Não sendo a primeira websérie com este formato, é a primeira vez que está a ser feito a nível mundial e a primeira produzida em Portugal”, disse à agência Lusa o fotógrafo João Rodrigues, que em 2019 foi premiado no concurso Underwater Photographer of The Year.
Com lançamento previsto para Janeiro de 2021, cada um dos 12 episódios concentra-se num protagonista das águas portuguesas “que se encontra em perigo, vulnerável, sob pressão ou em vias de extinção”, realçou. O fotojornalista da revista National Geographic e autor do documentário Cavalos de Guerra, sobre os cavalos-marinhos da Ria Formosa, no Algarve, frisou que o projecto The House of Neptuno pretende “ultrapassar as fronteiras portuguesas” através de “plataformas digitais inovadoras e gratuitas”.
Realizados pela sua produtora Chimera Visuals, sediada em Faro, cada vídeo de dois minutos é “uma viagem com esse animal”, concentrando-se num comportamento específico. Como exemplo, João Rodrigues destacou o episódio piloto, que serviu de “isco para os financiadores” e que mostra um grupo de tubarões azuis, nos Açores, a “alimentar-se de um cachalote morto, em mar aberto”.
Nos diferentes capítulos desta história é dada “uma visão positiva” apresentando “medidas do que pode ser feito em termos de legislação ou por cada cidadão”. A comunicação “é simples, não descurando o rigor científico” e com uma grande aposta na apresentação visual para lhe dar uma visão “fresca e apelativa”. “Quem é esta espécie, onde é que ela habita, o que se passa com ela e o que pode ser feito para ajudar estes animais?”, resumiu o biólogo.
Cada vídeo procura abordar comportamentos específicos da espécie, a “alimentação no caso dos tubarões-azuis”, a “protecção territorial do mero”, o “parto de um cavalo-marinho” ou o “acasalamento e postura de um choco”, exemplificou. Numa edição onde “não há qualquer tipo de narração ou texto, mas se sente o som da água”, os vídeos são antecedidos de um texto informativo sobre cada espécie, de forma resumida, para “agarrar todo o tipo de público” e “quem estiver interessado encontra um texto informativo que aprofunda a questão”.
João Rodrigues adiantou que estão já totalmente “gravados quatro episódios” e há material “para mais dois”, avançando que o choco, os cavalos-marinhos, o polvo, o mero, o atum e a jamanta são “alguns dos animais a abordar na primeira temporada”.
The House of Neptuno terá um site e uma aplicação onde “será possível aceder aos episódios, ao texto explicativo, a uma galeria de fotos inéditas e a uma rede social da série”, que permitirá aos interessados “interagir entre si, com a equipa da série ou com investigadores associados”, que podem “responder às questões na hora”. Sendo gratuito, o projecto está dependente de patrocínios “que ainda não abrangem todos os custos da temporada”, realçou João Rodrigues, que continua à procura de apoios para viabilizar os 12 episódios de 2021.
É intenção do biólogo que The House of Neptuno seja usado pelas escolas para o ensino e sensibilização ambiental, sendo que os episódios “podem ser usados de forma isolada ou toda a temporada e gerar o debate sobre esta temática junto da comunidade estudantil”.