Caso Maddie: Polícia alemã encontra cave secreta e recolhe matérias para análise

Christian Bruckner, o principal suspeito do desaparecimento da menina inglesa, pediu para ser libertado do estabelecimento prisional onde está a cumprir pena por tráfico de drogas. Advogado diz que buscas das autoridades alemãs são um “acto de desespero”.

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Autoridades alemãs recolheram vários materias para análise durante as buscas ao terreno onde o suspeito terá vivido. LUSA/FRIEDEMANN VOGEL

A polícia alemã esteve vários dias a fazer escavações num jardim de uma residência perto de Hanôver, na Alemanha, relacionadas com o alemão Christian B., suspeito do desaparecimento de Maddie McCann, a menina britânica, e de outros menores.

De acordo com a imprensa alemã e britânica, no local as autoridades encontraram uma espécie de cave secreta e recolheram vários materiais que, alegadamente, foram para análise forense. À agência noticiosa AFP Julia Meyer, porta-voz da Procuradoria de Braunschweig (Brunsvique), que investiga o desaparecimento de Maddie McCann e de outras crianças relacionadas com o suspeito Christian Bruckner​, de 43 anos, confirmou que aquelas buscas estavam ligadas à investigação do caso da menina britânica, mas não foi adiantada qualquer informação sobre o que foi encontrado na tal cave. Há ainda a possibilidade de existir outro local na mira das autoridades germânicas.

De acordo com o Daily Mail, é possível que o suspeito do rapto de Maddie tenha usado outro local, onde terá também, segundo o relato de um vizinho, cavado mais uma cave secreta. Trata-se de um terreno, localizado em Braunschweig, a cerca de 60 quilómetros do local onde a policia esteve a realizar buscas. Manfred Richter, um vizinho, disse ao jornal que o alemão escavou durante meses o terreno. “Cavou um grande buraco. Tinha três metros de profundidade e seis de largura, tirou as pedras e a terra com a mão e atirou-as para a frente do barracão”, disse Richter. No entanto, as autoridades Alemãs ainda não confirmaram se vão ou não promover buscas a este local.

Entretanto, e enquanto as autoridades alemãs levam a cabo um conjunto de operações para tentar encontrar provas para o caso de Maddie, Christian Bruckner pediu novamente para ser libertado. Está a cumprir uma pena por tráfico de drogas. De acordo com o jornal alemão Bild, o advogado de Bruckner​, Friedrich Fülscher, comunicou o pedido de libertação ao tribunal de Kiel, no norte da Alemanha, responsável pelo caso que levou à sua condenação.

O pedido é justificado como facto de, a 7 de Junho, Christian Bruckner já ter cumprido dois terços da pena, que termina em Janeiro. Porém, o alemão tem uma outra condenação pendente de confirmação pela violação, em 2005, de uma norte-americana de 72 anos em Portugal. Está a aguardar uma resposta do Tribunal Europeu ao seu recurso. Sobre as escavações, o advogado do suspeito diz que são “um acto de puro desespero” porque o local já seria conhecido pelos investigadores há anos.

Um mistério desde 2007

O desaparecimento de Maddie MacCann, então com três anos, é um mistério desde 2007. As autoridades britânicas mantêm há anos a investigação em aberto, mas o caso ganhou um novo fôlego quando, no início de Junho, as autoridades alemãs vieram identificar Christian Bruckner, um alemão anteriormente condenado por violação de uma idosa em Portugal, como o principal suspeito. A Procuradoria de Braunschweig disse desde logo ter “provas ou factos concretos” que apoiam a tese de que Maddie está morta. Essas provas nunca foram reveladas e o corpo da criança inglesa nunca foi encontrado.

Christian Bruckner tem antecedentes criminais relacionados com abuso sexual, ofensa à integridade física, roubo e outras contra-ordenações, algumas das quais praticadas durante o tempo que viveu em Portugal, entre 1995 e 2007. Foi julgado pela primeira vez por um crime sexual em 1994, quando tinha 17 anos, e condenado por abuso de menor. O último caso relacionado com menores foi um processo de posse de pornografia infantil, em 2016.

No âmbito do caso Maddie, o Ministério Público de Braunschweig não apresentou acusação formal contra o suspeito, apesar de ter assumido que a criança, então com três anos de idade, está morta.