A·mi·za·de, um sentimento de afeição e simpatia recíprocas entre dois ou mais entes. Ainda, é uma relação de entendimento, concordância e afinidade (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
Em sentido mais lato, a amizade é extensível não só a pessoas que conhecemos ao longo da vida, por experiências e empatias diversas, mas também a pessoas, à partida, com papéis mais definidos: pais, filhos, avós, primos, cônjuges, tios, vizinhos, colaboradores, professores e todas as pessoas que se conectam de forma especial na nossa necessidade de laços e afectos.
No Dia Internacional da Amizade que hoje assinala – mas também sempre –, devemos lembrar a importância de todos os formatos de amizade na concretização dos valores de paz, segurança, desenvolvimento e harmonia social.
Ser amigo é assumir que há uma luta contra a anomia individual e uma observância constante pela solidariedade e respeito pelo outro. Sobretudo, é assumir que a nossa conduta é constituída por vários nós que enriquecem a vida. Penso que todos nós já vimos esta(s) dinâmica(s) florescer algures nos dias que passam a correr, muitos de nós já conseguimos até gritar merecidos obrigados e dar apertados abraços de gratidão. No entanto, já reflectimos sobre a importância de sermos realmente amigos?
Pessoalmente nunca terei palavras, nem abraços suficientes (agora virtuais), para agradecer o significado de cada sorriso, presença, abraço e conselho nos momentos bons e menos bons da vida. Foram inspiradores, até aqueles que a memória tende a guardar como experiência já distante ou aqueles que tive de deixar ir para ser mais feliz. Acima de tudo, tenho e temos todos a oportunidade de ver em cada pessoa um novo amanhecer.
Este ano tem sido um gigante exercício para se dar e receber nesta relação de solidariedade: estamos mais vezes impacientes, com medo da incerteza e cansados pela adaptação a novas realidades. Mais desafiante ainda: a precisar de respirar fundo e recolher aos nossos portos seguros, mas sem a possibilidade de encontrarmos todos quando e como queremos.
São inegáveis os malefícios de uma rotina com muitas incertezas e com distância (de afectos), mas como nem tudo é definitivamente mau, gostava que pensássemos nas inúmeras coisas que aprendemos com amigos para agora superar dificuldades, nas diversas reinvenções que tivemos de fazer para ver ou escrever a quem gostamos. Ainda, na pequena pausa que nos obrigou a perceber que não é o espaço, nem as fronteiras que limitam a amizade.
O que impede, sim, é a falta de diálogo, de tempo, de ouvir e de dizer com braços abertos “olá”, “ajuda-me”, “estou aqui”. Bem sei que não é fácil e há muitas experiências que interferem na nossa vida. No entanto, é isto mesmo: a vida.
A vida é uma incerteza constante, com rectas previsíveis e curvas imprevisíveis, mas com a certeza de que o caminho não pode ser solitário, antes uma festa de aprendizagens, de sorrisos e caras dispostas a encontrar soluções.
Já disseste obrigado aos teus amigos? Não te esqueças!
(Muito obrigado aos meus!)