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Amorim planta 1750 hectares de montado e inova no descortiçamento
Um eucaliptal em fim de ciclo em Alcácer do Sal deu lugar a 250 hectares de montado de sobro intensivo com recurso à irrigação. No pipeline da Corticeira Amorim, há mais 1000 a 1500 hectares para plantar no Tejo Internacional. O CEO António Rios Amorim quer “antecipar a extracção” de cortiça de 25 para 10 anos, “dar mais rendibilidade ao montado” e inovar no descortiçamento.
Alcácer do Sal. Ano 2020. A sombra harmoniosa e entrelaçada da copa de uns quantos frondosos sobreiros - Árvore Nacional de Portugal – à entrada da Herdade da Venda Nova abrigam-nos do sol escaldante enquanto João Sobral, 44 anos, comprador de cortiça da Corticeira Amorim, quase imune aos raios solares, explica detalhadamente “como tudo começou”, ali, entre os quilómetros 64 e 66 da A2, a auto-estrada do Sul.
Esse “como tudo começou” leva-o – leva-nos – a Avis. Ao ano 2003. Naquele concelho do Alto Alentejo, num montado tradicional em declínio na Herdade do Conqueiro, após “várias experiências goradas” na tentativa de recuperação, Francisco de Almeida Garrett, engenheiro agrónomo e proprietário, tinha plantado um olival. Mas deixou uma pequena parte do terreno em branco e decidiu avançar com “dois ou três hectares de sobreiros” com recurso à irrigação. E deu um nome àquela experiência: “Irricork”, uma avaliação do crescimento das árvores e da qualidade da cortiça em povoamentos jovens e adultos de sobreiros sujeitos a rega.
“À semelhança do olival intensivo, plantei em 2003 sobreiros regados gota a gota num compasso de 7 por 7 metros e 7 por 3,5 metros”, explicou o empresário agrícola numa apresentação no INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, em Abril de 2018.
Os resultados foram surpreendentes: “Em 2011, foi possível extrair a cortiça virgem a bastantes sobreiros.” Fizeram a chamada desbóia – o primeiro descortiçamento – com oito anos, “em vez dos 25 ou 30” que normalmente levam para que a cortiça, que lentamente cresce e abraça o tronco e os ramos de um sobreiro, chegue a esse ponto de extracção. Cinco anos volvidos, “em 2016, foi extraída cortiça secundeira e [foram] feitos aumentos em algumas das árvores desboiadas em 2011”, disse Francisco nessa apresentação.