Os dois últimos dias do processo judicial que colocou a relação de Johnny Depp com Amber Heard sob a luzes dos holofotes focou-se nos discursos de conclusão dos advogados do actor e do jornal The Sun, da editora News Groups Newspapers e do editor-executivo Dan Wooton, acusados de difamação.
David Sherborne, que tem representando Depp no tribunal, referiu que ao contrário do seu cliente, que tem sido honesto sobre o seu consumo de álcool e drogas, Amber Heard desvalorizou o facto de também ela consumir e de ter problemas de raiva e de ciúmes.
Segundo o advogado, Heard “é uma testemunha de pouca confiança e uma mentirosa compulsiva” que construiu a sua história para corresponder às provas apresentadas contra ela.
“Ele [Depp] nunca bateu numa mulher durante toda a sua vida. Ponto final”, atestou Sherborne. Pôde ouvir-se no tribunal uma gravação de Depp e Heard, onde o protagonista de Eduardo Mãos de Tesoura refere que Heard está a mentir quando diz que não lhe deu um murro. O advogado salientou que esta prova revelava a “propensão para a violência” da actriz e que haveria consternação se os papéis fossem invertidos nesta situação.
Referindo-se às acusações de violência de Heard, Sherborne mencionou que Depp não ser uma pessoa violenta não se trata somente de uma questão de princípios, está relacionado com o facto de “ele ter sido alvo de abuso doméstico por parte da mãe”.
Relativamente às mensagens lidas em tribunal ontem pela advogada do jornal, Sasha Wass, onde Depp diz querer “afogar” e “queimar” Amber Heard e que supostamente demonstram o seu lado misógino e violento, o advogado salienta que estas foram escolhidas selectivamente e não deveriam ser tidas em consideração pelo tribunal. “As mensagens exageradas não deveriam ser interpretadas literalmente”, disse Sherborne, acrescentando que o cliente nunca referiu que tinha batido na ex-mulher nessas mensagens.
O mediático julgamento chega assim ao fim. Este, que foi um dos primeiros a decorrer presencialmente desde que o Reino Unido levantou algumas das restrições do confinamento obrigatório devido à pandemia da Covid-19, começou como um processo de difamação de um actor de Hollywood a um tablóide britânico. Com o passar das audiências tornou-se claro que o foco não seria o artigo publicado pelo The Sun em 2018, mas sim a relação do ex-casal de actores e as acusações e contra-acusações de violência entre os dois.
Texto editado por Ivo Neto