Voluntário confessa autoria do incêndio da catedral de Nantes

Homem ficou em prisão preventiva. São desconhecidos os seus motivos.

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Reuters/STEPHANE MAHE

Um voluntário ruandês da Catedral de Nantes confessou a autoria do incêndio que deflagrou no monumento do século XV há uma semana. Ficou em prisão preventiva por “destruição e danos causados pelo fogo”.

“O meu cliente cooperou”, disse o advogado Quentin Chabert ao diário Presse-Océan. “Lamenta amargamente os factos e confessar foi para ele uma libertação. O meu cliente está agora roído pelo remorso e sobrecarregado pela escala dos acontecimentos, assegurou o advogado.

O homem “admitiu, durante o interrogatório inicial perante o juiz de instrução, que tinha ateado os três fogos na catedral: no grande órgão, no pequeno órgão e num painel eléctrico”, disse ao diário o procurador de Nantes Pierre Sennès.

O homem, de 39 anos, estava encarregado de fechar a catedral na véspera do incêndio.

O reitor da Catedral de Nantes, o padre Hubert Champenois, tinha explicado na semana passada que o voluntário era um “ruandês, que veio refugiar-se em França há alguns anos”.

Segundo o reitor, o voluntário era seu conhecido “há quatro ou cinco anos”. “Tenho confiança nele e em todo o pessoal”, tinha dito o padre à AFP.

O incêndio na Catedral de Nantes, que ocorreu 15 meses após o incêndio na Notre-Dame de Paris, despertou forte comoção entre os habitantes de Nantes, alguns dos quais ainda se lembram de um incêndio anterior no edifício, a 28 de Janeiro de 1972.

A construção desta catedral gótica levou vários séculos (de 1434 a 1891).

O voluntário tinha sido detido em 18 de Julho algumas horas após o incêndio e a abertura da investigação, e libertado na noite seguinte. Os investigadores quiseram interrogá-lo porque após o incêndio não foram encontrados vestígios de arrombamento nos acessos ao edifício onde foram encontrados três focos de incêndio.

Como parte desta investigação, “mais de 30 pessoas” foram ouvidas e cerca de 20 investigadores da Polícia Judiciária foram mobilizados, incluindo o reforço do laboratório central da prefeitura da polícia de Paris, a fim de determinar a causa do incêndio, de acordo com o procurador.

O voluntário foi novamente detido no sábado de manhã, depois apresentado à noite ao Ministério Público de Nantes, que abriu um inquérito judicial, antes de ser acusado e de ficar em prisão preventiva. Enfrenta uma pena de prisão de dez anos e uma multa de 150 mil euros”.

Os bombeiros precisaram de duas horas para conter o incêndio que destruiu uma pintura do século XIX de Hippolyte Flandrin e o grande órgão.

Além do grande órgão, do qual “muito poucos ou nenhuns elementos serão salvos”, segundo Philippe Charron, chefe do departamento de património da DRAC (Direcção Regional dos Assuntos Culturais), “a maioria das obras foi salva” e está armazenada “no Castelo de Nantes”.

O Estado “participará plenamente” na reconstrução, prometeu o primeiro-ministro Jean Castex, que se deslocou a Nantes no dia do incêndio.