Lotação do GP de Portugal só será definida no início de Outubro
Autódromo do Algarve, em Portimão, irá receber a primeira corrida de Fórmula 1 em território nacional desde 1996.
Já foi em Monsanto, na Boavista, no Estoril e, em 2020, será em Portimão. Vinte e quatro anos depois, Portugal volta a receber um Grande Prémio de Fórmula 1, desta vez no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), naquela que será a 12.ª prova do calendário da época 2020, entre 23 e 25 de Outubro. O GP de Portugal terá público nas bancadas, mas a lotação do autódromo (que tem capacidade para 100 mil espectadores) só será decidida no início de Outubro, como revelou ao PÚBLICO Ni Amorim, presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK).
“Vai ter público, é o que está previsto, a menos que haja um retrocesso nas questões relacionadas com a pandemia. O autódromo tem uma capacidade instalada de 100 mil pessoas, são oito ou nove campos de futebol. Ainda não há limite [na lotação], será definido mais em cima, no início de Outubro. A situação no Algarve está a ser bem gerida em termos de pandemia e está toda a gente muito optimista para poder ter bastante público. [O GP] Está autorizado com público. Os percentuais dependem da evolução da pandemia. Teria de haver um retrocesso muito grande para que isso não viesse a acontecer”, disse o presidente da FPAK, depois de uma conferência de imprensa em que Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, revelou que existem “vários cenários, com diferentes cargas de público”.
Para já, nenhuma das três corridas já disputadas em 2020 (duas na Áustria, uma na Hungria) tiveram público nas bancadas. No calendário revisto, apenas a prova de Portimão e o GP da Rússia, em Sochi (a 27 de Setembro) anunciaram a intenção de abrirem as portas a espectadores – no site oficial da Fórmula 1, os bilhetes para a corrida russa são os únicos de 2020 disponíveis para venda. Para a corrida portuguesa, o site do AIA já disponibilizava nesta sexta-feira um pacote de cinco mil bilhetes para a prova portuguesa, com preços entre os €85 e os €650, mas o site, que disponibilizava um número de telefone e um endereço de correio electrónico para a aquisição de ingressos, estava de difícil navegação devido à enorme procura.
Apenas uma corrida
Ni Amorim garante que está tudo a ser pensado e preparado para que o primeiro GP de Portugal do novo milénio seja um sucesso, desde as obras necessárias até aos protocolos sanitários e ao alojamento. “Está tudo muito bem pensado, há um plano de contingência muito bem feito que terá de ser bem executado”, diz o presidente da FPAK.
“Gel, máscaras, distanciamento social, entrada controlada no circuito, limitação do número de pessoas nas boxes e no paddock”, são algumas das medidas previstas para o autódromo em fim-de-semana de Fórmula 1, segundo o presidente da FPAK. Também haverá obras no circuito – será colocado um novo asfalto na pista que terá um custo de 1,5 milhões de euros, e outros acertos e detalhes – e toda a “máquina” da F1 ficará instalada em hotéis da região.
Tudo começou a ser pensado, revelou o antigo piloto português, em Março. “Mandámos uma carta à FIA no sentido de os alertar que podíamos disponibilizar as pistas em Portugal. Isso foi bem visto. O AIA fez o trabalho dele junto das equipas e do promotor, e houve um trabalho em conjunto com o governo e com a autarquia”, referiu Ni Amorim, acrescentando que não esteve em cima da mesa haver mais do que uma corrida em Portugal, tal como na Áustria (duas), Grã-Bretanha (duas) e Itália (três).
O GP de Portugal entra no Mundial de F1 como uma corrida de substituição e não é garantido que esteja no calendário de 2021. Tudo depende, diz o presidente da FPAK, do grau de sucesso do fim-de-semana. “Há um grande desejo que não seja apenas uma solução de recurso. Para isso, é preciso que corra bem e é preciso que os números do impacto económico-financeiro sejam muito superiores ao investimento”, assinala Ni Amorim, que está confiante nas hipóteses de Portugal se manter num calendário normalizado: “As equipas, os team-managers e os pilotos vão ter grande influência. Acho que os pilotos vão adorar correr no Algarve.”
E o Autódromo do Estoril, foi hipótese para receber a prova? Ni Amorim diz que o circuito que recebeu o GP de Portugal entre 1984 e 1996 chegou a ser falado pela FIA. “Mas é uma pista com mais de 50 anos e não está tão adaptada às circunstâncias da F1 actual, apesar de ter uma pista magnífica, homologada com grau 1”, revelou.
Para já, só Europa
O GP de Portimão foi uma das três provas oficializadas nesta sexta-feira no calendário de 2020, que, por enquanto, só tem corridas na Europa. Para além do regresso do “grande circo” a Portugal, o circuito de Nurburgring, na Alemanha, terá a 11.ª corrida da época a 11 de Outubro (também o regresso, depois de sete anos sem F1), enquanto o circuito Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, que já não tinha F1 desde 2006, será o palco da 13.ª prova no fim-de-semana seguinte ao da prova portuguesa – serão apenas dois dias entre treinos e corrida, ao contrário dos habituais três.
A inclusão de mais três provas europeias num calendário que teve de ser completamente reformulado devido à pandemia da covid-19 foi feita nas datas dos cancelados GP do Japão, dos EUA e do México – o GP do Brasil, previsto para 15 de Novembro, também foi oficialmente cancelado nesta sexta-feira. É expectável que a época termine com duas corridas no Bahrain e uma em Abu Dhabi, estando ainda a ser discutida a possibilidade de haver outras corridas na Ásia, com Vietname e Malásia como potenciais destinos.