Porto quer criar “centro para a transição energética” e envolver cidadãos na mudança
Memorando de entendimento entre a Câmara do Porto, a EDP Distribuição e a Agência de Energia do Porto foi assinado esta quinta-feira. Objectivo é desenvolver soluções tecnológicas que permitam acelerar a transição energética na cidade
O memorando de entendimento prevê o desenvolvimento de soluções de tecnologia em áreas como a “produção descentralizada, a optimização do carregamento para a mobilidade eléctrica e a iluminação pública” e tem como objectivo “acelerar, de forma efectiva e eficaz, a transição energética” no Porto. Para isso, a Câmara do Porto quer criar um “centro para a transição energética” e envolver os cidadãos na mudança. A cerimónia de assinatura aconteceu esta quinta-feira, no edifício da Câmara do Porto, e juntou a autarquia, a EDP Distribuição e a Agência de Energia do Porto.
Rui Moreira assumiu o objectivo de o município se tornar “uma referência no tema da energia”. Sendo Portugal o quarto país da União Europeia com maior pobreza energética, é necessário um trabalho “disruptivo”, afirmou, falando na necessidade de “criar condições para a produção e utilização de energia limpa que sejam financeiramente mais acessíveis, ao mesmo tempo que se tornam mais próximas do cidadão e mais vantajosas”.
Para essa mudança, a autarquia quer transformar a empresa municipal Águas do Porto numa “empresa de utilities”, disse Rui Moreira na conferência de imprensa. Essa proposta será votada na próxima reunião de câmara, na segunda-feira, prevê o alargamento da esfera de actuação da Águas do Porto ao sector da energia. Se o executivo – e depois a Assembleia Municipal – aprovar, a Água do Porto passará a assumir tarefas como a implementação de projectos de eficiência energética, a gestão e desenvolvimento da rede de carregadores para veículos eléctricos, a construção, operação e manutenção de instalações de produção de energia renovável na esfera das instalações municipais, tendentes à promoção do autoconsumo ou o desenvolvimento de comunidades energéticas renováveis.
O centro para a transição energética anunciado pela autarquia é descrito como um “local para o envolvimento do cidadão e restantes entidades, que permita a demonstração e apresentação das diversas iniciativas associadas a estes temas”.
O Porto assumiu o compromisso de reduzir em 50% as emissões de Gases com Efeito de Estufa e, até ao momento, já reduziu em 37% essas emissões, afirmou o vice-presidente e vereador Filipe Araújo. Até 2050, a cidade quer ainda atingir a neutralidade carbónica. A transição da frota automóvel do município para a mobilidade eléctrica já atingiu aos 70%, há planos para produção de energia fotovoltaica em 29 edifícios municipais (sobretudo escolas) e de passar a ter toda a iluminação da cidade com tecnologia LED.