Os sete grandes da OCDE estavam com mais emprego, depois chegou a pandemia
Emprego nos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá baixou nos três primeiros meses do ano, mas ainda se manteve superior aos valores de um ano antes.
Até a pandemia do novo coronavírus levar a uma retracção global, as sete maiores economias da OCDE estavam com níveis de emprego em alta e, mesmo no primeiro trimestre que já apanhou os efeitos do surto da covid-19, a taxa de emprego ainda foi superior à do mesmo período de 2019.
Nos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, a taxa de emprego era de 72% (correspondente a 344,9 milhões de postos de trabalho), mostram as estatísticas publicadas nesta quinta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Para o segundo trimestre (de Abril a Junho) antecipa-se uma queda.
O emprego vinha em crescendo. Tinha aumentado do primeiro para o segundo trimestre de 2019 (71,7% para 71,9%); aumentou do segundo para o terceiro (para 72%); e deste para o quarto (72,2%). Entretanto baixou nos três primeiros meses deste ano — o que pode reflectir os impactos económicos de Março e a contracção das trocas com a China quando o foco da covid-19 ainda estava concentrado neste país —, mas continuou a ser maior do que os valores a que estavam um ano antes (71,7%).
Essa foi a tendência que se verificou em Portugal, onde a taxa de emprego era de 70,2% entre Janeiro e Março (4,6 milhões de pessoas), mais baixa do que os 70,7% do trimestre anterior, e igual ao valor em que se encontrava entre Janeiro e Março do ano passado.
A taxa de emprego mede a percentagem da população empregada face à população em idade activa (aqui considerada dos 15 anos 64 anos).
A China e a Índia, potências globais que têm desempenhos superiores a algumas das sete maiores da OCDE (a China é a segunda do ranking e a Índia a quinta), não entram nesta contagem porque não são membros da organização.
No conjunto dos 34 países, a taxa de emprego já diminuiu no arranque do ano, passando dos 68,9% registados nos últimos três meses de 2019 para 68,6% nos primeiros três deste ano.
Enquanto as taxas de emprego das mulheres e as dos homens “diminuiu ao mesmo ritmo (para 61,3% e 76,1%, respectivamente), a taxa de emprego dos jovens (15-24 anos) foi particularmente afectada (baixando de 42,3% para 41,9%)”, indica uma nota da OCDE.
A organização avisa, como em Portugal tem feito o Instituto Nacional de Estatística (INE), que as medidas de confinamento impostas pelos países podem ter limitado a possibilidade de as instituições dos países da OCDE fazerem os inquéritos no terreno. Essa dificuldade poderá ter agora impacto sobre as estatísticas porque os países estão a ter práticas diferentes “para determinar se as pessoas estão desempregadas durante o confinamento”, o que dificulta comparações.
Por exemplo, em Portugal, os dados mais recentes sobre a evolução do mercado laboral mostram que, em plena pandemia, o desemprego diminuiu em Maio (para 5,5%), mas é preciso ter em conta que há pessoas sem trabalho que, estatisticamente, não podem ser contabilizadas como desempregadas.
O INE explicou então que as “pessoas anteriormente classificadas como desempregadas e pessoas que efectivamente perderam o seu emprego devido à pandemia covid-19 podem agora ser classificadas como inactivas, devido às restrições à mobilidade, à redução ou mesmo interrupção dos canais normais de informação sobre ofertas de trabalho em consequência do encerramento parcial ou mesmo total de uma proporção muito significativa de empresas, razões pelas quais não fizeram uma procura activa de emprego (condição essencial para a sua classificação enquanto desempregada)”.
Além disso, têm de ser incluídas na população inactiva as pessoas que não tinham disponibilidade para “começar a trabalhar na semana de referência [tida em conta nos inquéritos do INE] ou nos 15 dias seguintes, caso tivessem encontrado um emprego, por terem de cuidar de filhos ou dependentes ou por terem adoecido em consequência da pandemia”.