O cometa Neowise está a atravessar o céu de Julho – e dá para ver a olho nu
O cometa gelado pode ser visto depois do pôr do sol ou de madrugada. Descoberto este ano, só voltará dos confins do nosso sistema solar para “visitar” a Terra daqui a uns 6800 anos.
Há um cometa a rasgar os céus de Julho que pode ser observado a olho nu durante todo o mês: veio dos confins do nosso sistema solar, mede cerca de cinco quilómetros e só voltará a ser visível da Terra daqui a quase 7000 anos. O seu nome verdadeiro é C/2020 F3, mas tem sido apelidado de cometa “Neowise” por causa do telescópio espacial da NASA que o descobriu no final de Março. Este é o primeiro cometa visível em 2020 e “é raro haver assim cometas que são visíveis a olho nu, foi uma óptima surpresa”, admite o director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), Rui Agostinho. Ainda assim, é preciso saber quando localizá-lo e é mais fácil vê-lo com uns binóculos ou um pequeno telescópio.
O cometa pode ser visto em duas ocasiões: de madrugada, a partir das 4h (hora de Portugal continental) e antes do brilho do nascer do sol, idealmente com um “bom horizonte e pouca luz”. Nos dias 19, 20 e 21 de Julho, o cometa estará também visível ao início da noite, entre as 22h e as 22h15. “É preciso deixar o céu ficar escuro para conseguir ver”, explica Rui Agostinho. Após essas datas e até ao princípio de Agosto, será visível até às 23h e “a sua posição é mais favorável no céu, mas estará mais fraco em brilho”.
Trata-se de “um cometa fraquinho de brilho e está a diminuir. Quantos mais dias passarem [e mais se afastar do Sol], mais fraco fica o brilho”, comenta o director do OAL. Porém, “terá brilho para ser visto a olho nu até ao final de Agosto, mas é um brilho espalhado, nem toda a gente o conseguirá ver”.
À “caça” do cometa
O truque é olhar para noroeste após o pôr do sol ou para nordeste durante a madrugada, refere o OAL. Ainda que seja visível a olho nu, é preferível ver o cometa com binóculos ou um pequeno telescópio (ou ainda através do telemóvel ou de câmara fotográfica) em zonas com pouca poluição luminosa. Pode não ser uma visão tão magnificente quanto se espera. “O cometa é realmente espectacular do ponto de vista fotográfico, mas do ponto de vista visual não é tanto como as pessoas imaginam, porque o nosso olho tem muitas limitações”, diz ao PÚBLICO o fotógrafo Miguel Claro, que todas as noites tem saído “à caça” do cometa.
“Os nossos olhos não são assim tão bons para ver à noite e o cometa tem uma cauda extensa, mas muito ténue” – daí que pouco se veja da cauda a olho nu. Além disso, as fotografias são tiradas com teleobjectivas grandes e com exposições longas, que perpetuam o rasto do cometa. “O ideal é recorrer a uns binóculos, que já permitem ver a cauda, mas não é assim tão fácil ao ponto de olhar e ver.”
Para ajudar a encontrar o cometa, poderá localizar as constelações mais próximas (como a constelação Lince ou, mais tarde, a Ursa Maior) em aplicações como SkyView ou Sky Safari. O cometa “já apresentou mais brilho quando se encontrava perto do Sol [o momento mais próximo foi a 3 de Julho]”, explica o astrónomo Máximo Ferreira, que é director do Centro Ciência Viva de Constância, onde haverá duas sessões de observação do céu a 23 e 25 de Julho (requer inscrição prévia). “Em rigor, o Neowise será observável durante alguns meses, mas só com telescópios cada vez mais potentes, dado que o seu brilho vai diminuindo”, comenta. Tal como o Neowise, “existem sempre cometas ao alcance dos telescópios”.
Gerir notificações
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Gerir notificações
Receba notificações quando publicamos um texto deste autor ou sobre os temas deste artigo.
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Notificações bloqueadas
Para permitir notificações, siga as instruções:
Comentários
Últimas publicações
Tópicos disponíveis
Escolha um dos seguintes tópicos para criar um grupo no Fórum Público.
Tópicos