Descobertas duas múmias que podem deixar os arqueólogos mais perto do túmulo de Cleópatra

Poderão pertencer a duas pessoas do círculo próximo da célebre rainha do Egipto, dizem os egiptólogos. Foram identificadas no templo de Taposiris Magna, a 45 quilómetros de Alexandria.

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Kathleen Martínez acredita que o templo de Taposiris Magna foi também uma importante necrópole DR

Morreram há mais de dois mil anos e os seus corpos mumificados foram depositados numa câmara funerária que só foi invadida pelas águas ou não tivesse sido o templo em que se encontram, Taposiris Magna, construído no delta do Nilo. 

Apesar de muito danificadas por milénios de humidade, os arqueólogos que trabalham há 14 anos neste sítio a 45 quilómetros de Alexandria acreditam que as duas múmias pertenceram a membros da elite contemporânea de Cleópatra, a célebre rainha do Egipto que o cinema ajudou a imortalizar e cujo túmulo nunca foi encontrado.

A descoberta é anunciada no documentário The Hunt for Cleopatra’s Tomb, que tem estreia marcada no Channel 5 britânico para a próxima quinta-feira e que o diário britânico The Guardian está a antecipar na sua edição online desta segunda-feira.

“Estas múmias terão sido espectaculares. Estarem cobertas de folhas de ouro mostra que terão sido membros importantes da sociedade”, diz Glenn Godenho, professor de Egiptologia da Universidade de Liverpool e o guia desta produção televisiva que se centra nos avanços feitos pela equipa coordenada por Kathleen Martínez, arqueóloga que dirige parte das escavações em Taposiris Magna e que está agora mais convencida do que nunca de que o túmulo de Cleópatra se encontra neste templo. 

Segundo Godenho, o tratamento final das múmias a folha de ouro estava reservado a um número muito restrito de pessoas, o que sugere, simultaneamente, que este templo pode ter sido uma importante necrópole e que estes dois indivíduos – trata-se de um homem e de uma mulher, de acordo com as imagens de raio-X – podem ter chegado a interagir com a rainha ou até mesmo ter pertencido ao seu círculo próximo. Uma hipótese, dirão muitos, que para já não passa disso e que talvez nunca venha a passar.

Já no início do ano passado, Kathleen Martínez tinha vindo a público corroborar as afirmações de um outro colega, Zahi Hawass, o antigo responsável máximo pelo Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto, que assegurou num colóquio em Itália saber onde se encontrava o túmulo de Cleópatra e de Marco António, o militar romano que terá sido o grande amor da vida da rainha.

Célebre nas lides televisivas pelas suas afirmações bombásticas a que falta muitas vezes rigor, de acordo com outros egiptólogos e académicos a quem o seu estilo não convence, Hawass tem feito da localização do túmulo da última rainha do Egipto um dos seus objectivos de vida. Mas, até agora, os que contestam as suas afirmações e as da arqueóloga dominicana garantem que nenhuma prova foi apresentada e que a teoria de que Cleópatra se encontra sepultada em Taposiris Magna carece de fundamentação. 

Cleópatra foi a última representante da dinastia ptolemaica, que governou o Egipto durante cerca de 300 anos. Acabou os seus dias ao lado de Marco António, uma das mais destacadas figuras da última fase da república romana, lutando para que o seu reino não se transformasse numa província de Roma. Os dois amantes suicidaram-se depois de as suas forças militares terem sido derrotadas na Batalha de Áccio (31 a.C.) pelas de Octávio, o filho adoptivo e herdeiro de Júlio César que viria a ser o primeiro imperador romano, com o nome de Augusto.

No templo de Taposiris Magna, Martínez e a sua equipa já puseram a descoberto uma escultura sem cabeça representando o faraó Ptolemeu IV, antepassado de Cleópatra, dezenas de moedas com o rosto da rainha, uma escultura que, muito provavelmente, representará Cleópatra e Marco António abraçados, e a cabeça de uma estátua de alabastro da rainha.

Martínez acredita que tudo isto, assim como as duas múmias cuja descoberta é agora anunciada, a colocam cada vez mais perto de Cleópatra. 

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