U. Évora quer combater estereótipos de género na comunicação em saúde
O #Unstereotyped é um dos 16 projectos financiados pela Fundação Para a Ciência e Tecnologia. Investigadores vão construir uma ferramenta online para a detecção automática de estereótipos de género na comunicação em saúde, sugerindo alternativas ajustadas.
Investigadores da Universidade de Évora vão analisar a informação pública ligada à covid-19 de forma a construir uma ferramenta online para a detecção automática de estereótipos de género na comunicação em saúde, sugerindo alternativas ajustadas.
O projecto, coordenado por Rosalina Pisco Costa, pró-reitora da Universidade de Évora (UÉ) e investigadora do CICS.NOVA — Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, é um dos 16 projectos financiados pela Fundação Para a Ciência e Tecnologia (FCT) para estudar impactos de género no âmbito da pandemia de covid-19, de entre 145 candidaturas.
A investigação é designada #Unstereotyped — “Análise, avaliação e detecção automática de linguagem estereotipada na comunicação pública de prevenção e combate à covid-19”, revelou a universidade, em comunicado enviado à agência Lusa.
“O objectivo passa por utilizar a inteligência artificial para preparar uma ferramenta web original e inovadora capaz de detectar automaticamente linguagem estereotipada e sugerir alternativas ajustadas à comunicação em saúde pública”, adiantaram os promotores.
Segundo a UÉ, os investigadores envolvidos no projecto vão analisar os materiais de divulgação produzidos pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), assim como os planos de contingência das instituições de ensino superior públicas portuguesas e conteúdos informativos da RTP durante o período pandémico. Esta análise pretende “avaliar a existência de linguagem escrita e oral que (re)produza estereótipos de género”, acrescentou a academia.
A coordenadora realçou a importância deste projecto no “reconhecimento de linguagem sexista e estereótipos de género”, pelo que, esta nova abordagem desenvolvida pela UÉ, “deverá ser capaz de sugerir alterações ajustadas a uma linguagem inclusiva e sensível ao género”.
A ferramenta será, assim, “passível de utilização no contexto mais amplo da comunicação em saúde pública de emergência”, nomeadamente em situações de “pandemia, catástrofes naturais, guerra e conflitos de índole diversa”, vincou Rosalina Pisco Costa. “O projecto apoia-se num desenho misto que combina técnicas clássicas de análise de conteúdo e do discurso e técnicas avançadas de Processamento de Linguagem Natural (PLN)”, referiu a UÉ.
Os investigadores vão também recorrer à análise assistida por computador e, para o processamento de Língua Natural, utilizarão “uma análise sintáctica das frases, conjugada com o uso de regras simbólicas identificadoras de situações de estereótipos de género”.
“Vão ser ainda avaliadas técnicas de aprendizagem automática que, com base em modelos da Língua Portuguesa, permitam classificar automaticamente diversas frases”, acrescentou. No final, está previsto o lançamento de um Guia de Boas Práticas em linguagem inclusiva e sensível ao género, orientado para a comunicação em saúde pública de emergência, a disponibilizar publicamente em formato digital e interactivo.