Câmara de Portalegre pede encerramento da central nuclear espanhola de Almaraz
Sublinhando que a central nuclear de Almaraz se encontra “obsoleta e em final de ciclo de vida útil”, a Câmara de Portalegre lamenta que o seu encerramento tenha sido “sucessivamente adiado” a pedido da entidade proprietária.
Uma moção pelo encerramento urgente da central nuclear espanhola de Almaraz foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Portalegre, na sequência de dois novos incidentes ocorridos no espaço de cinco dias, foi anunciado nesta quinta-feira.
A moção, aprovada na reunião de quarta-feira do executivo municipal, alerta para os riscos que as populações raianas correm caso se registe um acidente, lembrando que a central “dista apenas a cerca de uma centena de quilómetros” da fronteira portuguesa.
A presidente da câmara municipal, Adelaide Teixeira, eleita pelo movimento Candidatura Livre e Independente por Portalegre (CLIP), enviou recentemente um ofício ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, manifestando a sua preocupação e “exortando” o Governo a “intervir” junto do executivo espanhol para a “necessidade urgente e imediata” de encerramento da central.
“De recordar que, em caso de acidente nuclear grave, envolvendo a explosão de reactores, os distritos de Castelo Branco, Portalegre e Santarém seriam as zonas do território português mais rapidamente afectadas e com maior gravidade por uma eventual propagação de gases e poeiras radioactivas”, alertam os autarcas.
“Face ao relatado nos últimos incidentes, é entendimento da Câmara Municipal de Portalegre que a manutenção em funcionamento da central nuclear de Almaraz representa um risco e um perigo cada vez mais acrescido não só em termos ambientais, mas também para a saúde e vida dos cidadãos, reclamando o seu encerramento no mais curto prazo possível”, lê-se na moção.
A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.
Em operação desde 1981 (operação comercial desde 1983), a central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha recta da fronteira portuguesa.
Os proprietários da central de Almaraz são a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).