A história secreta do maior desastre nuclear de sempre em Meia-Noite em Chernobyl
O jornalista britânico Adam Higginbotham, que foi correspondente em Nova Iorque do The Sunday Telegraph Magazine , é o autor deste premiadíssimo Meia-Noite em Chernobyl . O livro, que esta sexta-feira chega às livrarias portuguesas numa edição da Desassossego, conta-nos o que aconteceu em Tchernobil, em 1986, e serviu de inspiração para a série da HBO. Pode ler aqui um excerto de um dos capítulos.
Erguida pela coluna de calor intenso que saía do núcleo destruído, escoltada por ventos favoráveis, a nuvem invisível de radiação viajara milhares de quilómetros desde a sua fuga da carcaça da Unidade Quatro. Libertada na violência da explosão, elevara‑se no ar quieto da noite, até atingir uma altitude de cerca de 1500 metros, onde foi apanhada por ventos fortes que sopravam de sul e de sudeste. Deslocando‑se a velocidades entre os 50 e os 100 quilómetros por hora, voou para noroeste, atravessando a URSS na direção do mar Báltico. A nuvem carregava xénon 133 gasoso, fragmentos microscópicos de grafite radioativa e partículas compostas por isótopos radioactivos puros, incluindo iodo 131 e césio 137 — os quais geraram um calor tal, que aqueceram o ar à sua volta e voaram como centenas de milhares de minúsculos balões de ar quente. O coração da nuvem pulsava com cerca de 20 milhões de curies de radioatividade. Quando os cientistas soviéticos finalmente iniciaram a monitorização regular aérea perto do local do acidente, no domingo, 27 de abril — um dia inteiro após a ocorrência —, o monstro invisível já ia longe, e nada lhes revelou da sua dimensão e intensidade. As medições acusaram apenas a radiação da sua cauda. Passadas vinte e quatro horas, alcançara a Escandinávia. Ao meio‑dia de domingo, um dispositivo de monitorização automático no Laboratório Nacional de Risø, a norte de Roskilde, registou a chegada da nuvem à Dinamarca. Mas como era domingo, as leituras passaram despercebidas. Nessa noite, um soldado da estação de medição das Forças de Defesa Nacionais Finlandesas em Kajaani, no sul da Finlândia, detetou um aumento anormal da radiação de fundo. Comunicou esta leitura ao centro operacional em Helsínquia, mas não foram tomadas outras medidas. No decorrer da noite, a pluma encontrou nimbos sobre a Suécia, e a humidade destas nuvens agitou e concentrou os seus contaminantes.
Quando a chuva finalmente caiu das nuvens, em redor da cidade de Gävle, duas horas de carro a norte de Estocolmo, tornara‑se altamente radioativa. Pouco antes das sete horas da manhã de segunda‑feira, 28 de abril, Cliff Robinson estava a tomar o pequeno‑almoço numa cafetaria da central nuclear de Forsmark, situada 65 quilómetros a sudeste de Gävle, no golfo da Bótnia.
Robinson, um técnico de 29 anos de origem anglo‑sueca que trabalhava no laboratório de radioquímica da central, ia todas as manhãs para o emprego num autocarro que levava trabalhadores da construção para Forsmark, onde estavam a construir um grande depósito subterrâneo para resíduos nucleares.
Depois de beber o seu café, Robinson dirigiu‑se para o vestiário, para lavar os dentes. Quando voltou, passou por um detetor de radiação, e o alarme tocou. Ainda meio a dormir, o técnico ficou perplexo. Acabava de chegar ao trabalho e ainda não entrara no bloco do reator: não podia estar contaminado. Mas o alarme fez aparecer um funcionário do departamento de segurança nuclear da central, a quem Robinson explicou o que acontecera. Voltou a passar pelo detetor. Mais uma vez, o alarme tocou. Porém, à terceira tentativa o dispositivo manteve‑se em silêncio. Confusos, os dois homens convenceram‑se de que o equipamento tinha algum problema. Talvez estivesse mal calibrado. O técnico de dosimetria disse a Robinson que voltasse ao trabalho. A máquina podia ser reparada mais tarde.
Por coincidência, o trabalho de Robinson no laboratório consistia em medir a radioatividade em Forsmark‑1, verificando o interior da central e o que era expelido para o meio ambiente. O reator tinha apenas seis anos, mas apresentara falhas técnicas menores, e algumas fugas em barras de combustível já tinham provocado pequenas emissões radioativas naquele inverno. A rotina de segunda‑feira de manhã levou Robinson aos níveis superiores da central, para recolher amostras de ar da torre da ventilação, e, em seguida, ao laboratório, para analisar as amostras. A tarefa demorava o seu tempo. Por volta das 9h00, tornou a descer para tomar outro café. Mas quando se aproximava do ponto de monitorização, viu o seu caminho bloqueado por uma longa fila de trabalhadores da central, que estavam, todos eles, a fazer soar o alarme. Agora ainda mais perplexo, Robinson levou um sapato de um dos homens, fechou‑o num saco de plástico, para prevenir a contaminação, e regressou ao laboratório. Colocou o sapato no detetor de germânio, uma ferramenta sensível para medir raios gama, e preparou‑se para esperar.
Os resultados surgiram, no entanto, com uma rapidez terrível, explodindo em picos verdes no ecrã do computador. Robinson sentiu‑se gelar. Nunca vira nada assim. O sapato estava intensamente contaminado com todo o espetro de produtos de fissão que geralmente se encontravam no núcleo de Forsmark‑1: césio 137, césio 134 e isótopos de iodo de curta duração — mas também com uma série de outros elementos, incluindo cobalto 60 e neptúnio 239. Estes elementos, como Robinson sabia, só podiam ter sido originados por combustível nuclear que tivesse estado exposto à atmosfera. Telefonou imediatamente para o seu chefe, que, receando o pior, lhe disse que regressasse à torre de ventilação e que recolhesse novas amostras de ar.
Às 9h30, o diretor da central, Karl Erik Sandstedt, foi informado da contaminação. Mas os funcionários das categorias superiores de Forsmark continuavam tão confusos como Robinson. Não encontravam a origem da radiação na central e, todavia, dadas as condições atmosféricas, os níveis de radiação no exterior eram compatíveis com uma fuga de radiação num dos reatores de Forsmark. Às 10h30, Sandstedt ordenou o corte dos acessos à central. As autoridades locais emitiram um alerta preventivo: foi transmitido um aviso na rádio a recomendar à população que não se aproximasse de Forsmark e a Polícia bloqueou as estradas. Trinta minutos mais tarde, Robinson continuava no laboratório, a analisar o seu novo conjunto de amostras, quando as sirenes ressoaram no edifício: a central estava a ser evacuada.
Por essa altura já as agências estatais de segurança nuclear em Estocolmo tinham sido informadas de níveis de contaminação igualmente elevados detetados num centro de pesquisa em Studsvik, a duzentos quilómetros de Forsmark. Amostras recolhidas em Estocolmo também acusavam uma radiação elevada e uma composição de isótopos que incluía partículas de grafite, o que apontava para um acidente catastrófico num reator nuclear, mas de um tipo muito diferente dos reatores de Forsmark. Às 13h00, usando cálculos meteorológicos desenvolvidos para ajudar a monitorizar o Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares, o Instituto de Pesquisa da Defesa Nacional sueco também criara modelos dos padrões atmosféricos prevalecentes no Báltico.
Esses modelos indicavam, sem sombra de dúvida, que a contaminação radioactiva não tivera, de todo, origem em Forsmark. Viera de fora da Suécia. E o vento soprava de sudeste. Por volta das onze da manhã, hora de Moscovo, Heydar Aliyev encontrava‑se no seu gabinete no Kremlin quando o telefone tocou, a convocá‑lo para uma reunião de emergência no Politburo. Como vice‑primeiro‑ministro da URSS, Aliyev era um dos homens mais poderosos da União Soviética. Outrora comandante do KGB do Azerbaijão, e um dos apenas doze membros do Politburo com direito de voto, partilhava a responsabilidade pelas decisões mais importantes que afetavam o império. Contudo, na manhã de segunda‑feira, o próprio Aliyev tinha apenas um conhecimento vago de um acidente nuclear ocorrido na Ucrânia. Nem uma palavra sobre Chernobyl aparecera na imprensa soviética ou fora ouvida na rádio ou na televisão. As autoridades de Kiev, sem encorajamento de Moscovo, já haviam tomado medidas para que os cientistas não tomassem conhecimento da situação. No sábado, depois de instrumentos do Instituto de Botânica de Kiev terem detetado um aumento acentuado da radiação, agentes do KGB tinham ido ao local e selado os dispositivos «para evitar o pânico e a propagação de rumores incendiários». Ainda assim, quando o secretário‑geral Gorbachev convocou a reunião de emergência para discutir o sucedido, Aliyev apercebeu‑se de que a radiação em breve seria detetada bem para além das fronteiras da URSS.
Os doze homens — incluindo Aliyev; o primeiro‑ministro Ryzhkov; o chefe da propaganda, Alexander Yakovlev; Yegor Ligachev, o emergente adversário conservador de Gorbachev; e Viktor Chebrikov, comandante do KGB — reuniram‑se não na sala do Politburo habitualmente destinada ao efeito, mas no sombrio gabinete do secretário Gorbachev, no terceiro andar do Kremlin. Apesar da recente remodelação, dos tapetes com padrões elaborados e do teto abobadado de onde pendiam lustres de cristal, a sala era cavernosa e desconfortável. Todos os presentes estavam nervosos. Gorbachev perguntou, simplesmente:
— O que aconteceu?
Vladimir Dolgikh, o secretário do Comité Central responsável pelo sector da energia soviético, começou por explicar o que ficara a saber nas suas conversas telefónicas com Scherbina e com os peritos em Pripyat. Referiu uma explosão, a destruição do reator e a evacuação da cidade. A força aérea estava a usar helicópteros para enterrar a unidade destruída em areia, argila e chumbo. Uma nuvem de radiação deslocava‑se para sul e para oeste, e já fora detetada na Lituânia. A informação era ainda escassa e contraditória: as forças armadas diziam uma coisa, os cientistas outra. Agora era preciso decidir o que dizer ao povo soviético sobre o acidente — se é que iam dizer alguma coisa.
Para Gorbachev, aquele era um teste súbito e inesperado à nova política de abertura e transparência que prometera no congresso do Partido apenas um mês antes; desde então, a glasnost não passara de um slogan.
— Devemos fazer uma declaração logo que possível — disse. — Não podemos procrastinar.
Os tradicionais reflexos de secretismo e paranoia tinham, no entanto, raízes profundas. A verdade sobre incidentes que pudessem minar o prestígio soviético ou provocar o pânico das populações sempre fora ocultada: três décadas depois de ter acontecido, a explosão de 1957 em Mayak continuava a não ser reconhecida oficialmente; quando um piloto da força aérea soviética abatera por engano um Boeing 747 da Korean Air em 1983, matando as 269 pessoas a bordo, a URSS começou por negar qualquer conhecimento do incidente. E a posição de Gorbachev no poder continuava pouco segura, vulnerável ao tipo de revolta reacionária que destruíra Khrushchev e o seu programa de liberalização. O secretário‑geral precisava de ser cauteloso. Embora a ata da reunião viesse, mais tarde, a dar a ideia de que houvera um acordo amplo quanto à necessidade de fazer uma declaração pública sobre o acidente, Heydar Aliyev afirmou que a informação era enganadora. Segundo o vice‑primeiro‑ministro, ele defendera uma honestidade imediata e total: a Europa inteira saberia em breve que algo de terrível acontecera, e a dimensão do desastre não permitia escondê‑lo. De que servia tentar ocultar o que já se tornara público? Mas antes que pudesse terminar, Yegor Ligachev, que muitos consideravam o segundo homem mais poderoso do Kremlin, interrompeu‑o.
— O que quer? — perguntou‑lhe, num tom agressivo. — Que informação quer divulgar?
— Ora! — replicou Aliyev. — Não podemos esconder isto!
Os outros sentados à mesa eram da opinião de que não havia ainda dados suficientes para revelar ao público e receavam causar pânico. Se divulgassem alguma informação, esta devia ser muito restrita.
— A declaração deve ser formulada de modo a não causar demasiado sobressalto ou pânico — disse Andrei Gromyko, presidente do Presidium do Soviete Supremo. E quando passaram à votação, Ligachev conseguira, aparentemente, fazer valer a sua vontade: o Politburo decidiu seguir a abordagem tradicional. Os anciãos do Partido ali reunidos redigiram uma opaca declaração de vinte e três palavras a ser divulgada pela agência de notícias estatal, a TASS — e elaborada para combater aquilo que o porta‑voz do Comité Central descrevia como «falsificação… propaganda e invenções burguesas…»
Quaisquer que fossem as intenções de Gorbachev, o melhor era, afinal, optar pelos velhos costumes. Às 2h00, em Estocolmo, as autoridades suecas estavam unanimemente de acordo: o país fora contaminado em virtude de um grave acidente nuclear além‑fronteiras. Ao fim de pouco mais de uma hora, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Suécia entrou em contacto com os governos da Alemanha de Leste, da Polónia e da URSS para lhes perguntar se ocorrera algum acidente no seu território. Pouco depois, os Suecos enviaram um comunicado idêntico aos seus representantes na Agência Internacional de Energia Atómica.
Por essa altura, os governos finlandês e dinamarquês tinham confirmado que também fora detetada contaminação radioativa dentro das suas fronteiras. Em Chernobyl, o único e pequeno hotel onde Viktor Brukhanov outrora se sentara numa cama a esboçar o plano do seu futuro nuclear enchia‑se agora de apparatchiks exaustos enviados de Moscovo. Os escombros fumegantes do Reator Número Quatro continuavam a emanar radionuclídeos, enquanto os pilotos de helicóptero da 17.ª Brigada Aerotransportada tentavam cobrir o reator e controlar as chamas da grafite que ardiam debaixo deles. Apesar de tudo, as autoridades soviéticas garantiram aos Suecos que não tinham conhecimento de qualquer tipo de acidente nuclear no território da URSS.
Nessa tarde, em Moscovo, o adido científico da Embaixada da Suécia contactou o Comité Estatal para a Utilização da Energia Atómica — o amável rosto público do Sredmash, o Ministério da Construção de Máquinas Médias. Mas o Comité nem confirmou nem desmentiu que houvesse um problema com qualquer dos seus reatores. Ao começo da noite, numa festa na Embaixada da Suécia, o embaixador Torsten Örn intercetou um oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros soviético e perguntou‑lhe directamente se tinha conhecimento de algum acidente nuclear recente na URSS.
O oficial disse a Örn que registaria a pergunta, mas não fez qualquer comentário. Finalmente, às 20h00 de segunda‑feira, 28 de abril, quase três dias depois de a nuvem tóxica ter escapado da Unidade Quatro para o céu noturno, a Rádio Moscovo difundiu o comunicado da TASS preparado no gabinete de Gorbachev. «Ocorreu um acidente na central nuclear de Chernobyl», disse o locutor. «Um dos reatores nucleares foi danificado. Estão a ser tomadas medidas para eliminar as consequências do acidente. Os afetados estão a receber ajuda. Foi formada uma comissão governamental.» Breve e frugal no que tocava à verdade, a declaração era típica das notícias soviéticas, uma continuação da forma como o Estado encobrira os acidentes industriais durante décadas.
Uma hora mais tarde, o Serviço Internacional da Rádio Moscovo repetiu o comunicado em inglês, para os ouvintes estrangeiros, desfiando em seguida o longo registo de acidentes nucleares no Ocidente. Ambas as declarações evitavam mencionar quando, ao certo, teria ocorrido o acidente na Ucrânia.
Às 9h25, hora de Moscovo, o Vremya, o principal noticiário da noite em toda a União Soviética, apresentou a mesma declaração de vinte e três palavras, lida em nome do Conselho de Ministros da URSS. Foi o vigésimo primeiro item do noticiário. Não foram mostradas imagens. Só a expressão grave do apresentador e a referência ao Conselho de Ministros sugeriam que talvez tivesse acontecido algo de importante.
Na manhã seguinte, terça‑feira, 29 de abril, a imprensa de Moscovo manteve um completo silêncio a respeito do assunto. Na Ucrânia, os jornais diários de Kiev publicaram a notícia, mas os seus editores esforçaram‑se por fazê‑la passar despercebida: o Pravda Ukrainy publicou um texto breve ao fundo da página três, por baixo de um artigo que narrava a luta de dois pensionistas para terem telefone instalado em casa. O Robitnycha Hazeta — o diário dos trabalhadores ucranianos — teve o cuidado de enterrar a sua história de Chernobyl sob as tabelas da liga de futebol ucraniana e sob a cobertura de um torneio de xadrez.
No Kremlin, o secretário‑geral Gorbachev convocara a segunda reunião extraordinária do Politburo em dois dias, mais uma vez às 10h30 da manhã.
Receava agora que a resposta inicial à catástrofe tivesse sido insuficiente: a radiação continuava a propagar‑se, níveis elevados tinham já sido detetados na Escandinávia, e os Polacos andavam a fazer perguntas estranhas. Seria possível que a contaminação atingisse Leninegrado? — ou Moscovo?
Vladimir Dolgikh deu as últimas notícias aos seus colegas: a pluma de radioisótopos que se formara em Chernobyl dividira‑se em três, seguindo para norte, sul e oeste, e o Ministério do Interior delimitara uma área de pelo menos dez quilómetros em redor da central, mas os níveis de radiação libertada pelo reator estavam a decrescer. Chebrikov, o comandante do KGB, discordava: as suas fontes não viam indícios de que a situação da radiação se estivesse a atenuar. Na realidade, estavam perante um desastre. Tinham começado a evacuar outros locais na região, quase duzentas vítimas do acidente encontravam‑se hospitalizadas em Moscovo, e Vladimir Scherbitsky, o primeiro‑ministro ucraniano, dera conta de manifestações de pânico na sua república.
Todos os presentes concordavam que era necessário selar completamente o reator, tão depressa quanto possível. Para assumir o controlo da situação, formaram um grupo operacional de sete pessoas, que era chefiado pelo primeiro‑ministro Ryzhkov e incluía Dolgikh, Chebrikov, o ministro do Interior e o ministro da Defesa. O grupo, investido de poderes especiais para comandar todas as autoridades partidárias e ministeriais na União, coordenaria a resposta ao desastre a partir de Moscovo, colocando todos os recursos do Estado centralizado ao dispor da comissão governamental em Chernobyl.
O que dizer ao mundo a respeito do sucedido foi novamente tema de discussão.
— Quanto mais honestos formos, melhor — disse Gorbachev, sugerindo que deviam, pelo menos, fornecer informação específica aos governos dos Estados‑satélites soviéticos, a Washington, DC, e a Londres.
— Tem razão — concordou Anatoly Dobrynin, que fora nomeado para o Comité Central pouco tempo antes, depois de vinte anos como embaixador soviético nos EUA. — Afinal, de certeza que as fotografias já estão na secretária de Reagan. — Ficou decidido que enviariam telegramas aos seus embaixadores nas capitais do mundo, incluindo em Havana, Varsóvia, Bona e Roma.
— Devemos informar o nosso povo? — perguntou Aliyev.
— Talvez — replicou Ligachev.